13 September 2010

IT'S ALL THE SAME, THERE'S NOTHING NEW



Devo - Something For Everybody

Durante vinte anos, os Devo não gravaram uma nota. Fizeram bem. Porque, da última vez que o haviam tentado, com Smooth Noodle Maps (1990), o mundo da música – então bastante mais entretido com o "grunge" e sua pequena multidão de moços sérios e barbudos – olhou para eles como para alienígenas oriundos de um planeta perdido num "time warp" longínquo. Até nem tinham muita razão: embora Noodle Maps fosse coisa bastante menor, o grupo de Jerry Casale e Mark Mothersbaugh, nos finais de 70 e início de 80, tinha sido imensamente mais relevante para a história da pop futura do que toda a trupe da camisinha de quadrados, engatada em marcha atrás (apesar de Kurt Cobain se reivindicar fã dos Devo), alguma vez seria. A descendência – “apenas” todo o experimentalismo electro rapidamente adelgaçado em formato canção-anzol pelos Human League, Heaven 17 e comparsas – revelar-se-ia numerosa e o apadrinhamento precoce de Brian Eno e David Bowie legitimá-los-ia enquanto pioneiros. É difícil entender por que motivo Casale e Mothersbaugh não se mantiveram, então, ocupados com as suas bandas sonoras para cinema e televisão (a de Mothersbaugh, para a série Big Love, era bem recomendável) e decidiram, agora, regressar. Something For Everybody, parece, de novo, confirmar a sua “devolution theory”, mostrando-os na condição de pálidas cópias dos menos honrosos lados-B dos seus mais indistintos discípulos, versão patética, apalhaçada e fora de horas de algo que, um dia, fez sentido. Porque, hoje, quando os ouvimos anunciar “What we do is what we do, it’s all the same, there’s nothing new” a reacção instintiva não é pensar “Oh, os bons velhos Devo e a sua crítica irónica da sociedade contemporânea!” mas sim “É verdade, rapazes, também já tínhamos reparado...”

(2010)

10 comments:

Anonymous said...

The horror the horror:

http://2.bp.blogspot.com/_lsskHZcBvG4/TH0m95yDytI/AAAAAAAADzM/q9eT9Td5TQ4/s1600/autobuses.jpg

margarete said...

off-topic: fui fazer a visita mensal ao Atum e fiquei a pensar que acho que nunca vos apresentei:
João meet atum & sardinha

João Lisboa said...

Oh... mas o Atum ainda deve ser da família deste outro white panther:

http://lishbuna.blogspot.com/2010/07/ano-do-tigre-xii-white-panther-2010.html

http://lishbuna.blogspot.com/2010/02/ano-chines-do-tigre-meets-69-annee.html

(aqui, em práticas incestuosas com a irmã)

boizinho said...

oh... o atum é igualzinho ao meu gattuso: focinho a roçar a perfeição, branco de neve e olho azul e tudo. aposto que é surdo também.

João Lisboa said...

"aposto que é surdo também"

Do que vi do blog, acho que é. Ou ele ou a amiga.

margarete said...

uai?

João Lisboa said...

Pareceu-me ter lido alguma coisa acerca de um deles ser surdo quando andei a passear pelo blog do Atum. O que não me espantou porque isso é comum nos brancos com os dois olhos azuis. Tal como acontece com o gattuso acima nomeado.

(mas posso estar enganado)

margarete said...

ah, bom, por acaso nunca dei conta das capacidades de acuidade auditiva dos moços, mas lá está, sou um bocadito desorientada e pensava que estavas a desfazer nos gatusos da minha amiga :)

boizinho said...

eu também ia jurar que li no blog do atum que a amiga sardinha era surda, que, tal como o gattuso, também é branquinha de olho azul. visto o lindíssimo e garboso atum partilhar estas características, só posso concluir (conclusão essa que tem aval veterinário)que, também ele, será hearing impaired. coisa que, no dia-a-dia, pelo menos com o gattuso, não se topa.

João Lisboa said...

"coisa que, no dia-a-dia, pelo menos com o gattuso, não se topa"

Come again?... o ancião, mouco que nem um armário, que pode desabar o universo à volta sem o peludo dar por nada?...