A DESCER EM MATEMÁTICA
Foals - Total Life Forever
Os manuais-pop poderão explicar-nos que o "math-rock" é um sub-género do "post-rock", caracterizado por uma maior complexidade rítmica, melodias estenográficas e afeição pela dissonância mas, em boa verdade, como diria Fernando Pessoa, trata-se apenas de uma tradução do binómio de Newton para partitura. Nas suas melhores versões, poderá, de facto, ser tão belo como a Vénus de Milo, e, nesse âmbito, o primeiro álbum dos Foals (Antidotes, 2008), embora ainda a razoável distância da elegância helénica da escultura de Alexandre de Antioquia, era um belo exemplo de articulação ginasticada entre as equações sonoras de Reich e Branca e as flexões musculares dos A Certain Ratio, Pop Group e Liquid Liquid. Total Life Forever – inspirado no futurismo de Raymond Kurzweil – conserva, no essencial, essa matriz (e também a irritante voz de Yannis-clone-de-Robert-Smith-Philippakis) mas o que lhe acrescenta parece denunciar uma perturbadora ambição de, a curto-prazo, trocar o estatuto de culto indie pela competição na arena com os U2. Pensem nos óptimos Simple Minds de Empires And Dance e no que eles se tornaram e terão uma ideia.
(2010)
09 June 2010
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1 comment:
Peço desculpa pelo abuso (nem conheço ainda esses discos!)... mas raras vezes um título de um post esteve tão de acordo com o sentimento que uma notícia de jornal - que só hoje vi - me provocou (mas eu já estou a habituar-me a tudo, sobretudo a não ter ilusões):
http://publico.pt/1441124
Claro, poderíamos sempre pensar "antes alguém assim à frente de..."... Mas é mais do que isso...
(De qualquer forma, gostei destes 3 posts...hmm... qual será a melhor forma de o dizer?... inter-relacionados)
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