TEORIA & PRAXIS MUSICAIS PORTUGUESAS (I)
Jorge Martinez
Se, neste blog, existe um label "pensamento filosófico português", nada justifica que, paralelamente, não haja outro designado por "teoria & praxis musicais portuguesas". Embora de forma desgarrada, já vários dos notabilíssimos valores dessa área foram aqui referidos (e passarão, agora, a estar abrangidos pelo novo label), mas nenhum melhor para a inaugurar oficialmente do que O Artista Anteriormente Conhecido Como Jorge Rocha & As Lipstick (aliás, "o Prince Português") ou, contemporaneamente, Jorge Martinez (isto é, "o Ricky Martin Português"). A sua vida e obra multifacetadas irão ser, gradualmente, abordadas, mas, hoje, como cartão de visita, fica o videoclip de lançamento do seu último álbum, Silêncio, que, nas palavras do próprio Jorge, "é uma bela e comovente história que retrata o amor em todo o seu esplendor! Um videoclip enigmático, com uma tenacidade dramática brilhante. Fascínio, sedução, glamour, lamas, areias, ruínas, escombros, falésias sumptuosas, entrelaçadas com dor, desespero e sofrimento, tornam este filme num monumento à capacidade do ser humano, em acreditar e lutar contra qualquer adversidade. Mistério e Amor num filme/videoclip com impacto, poderoso!!!"
(2010)
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
5 comments:
meu deus... eu... isto,,,, quer dizer... não, não há palavras que possam ser usadas para ilustrar tudo o que sinto em relação a este videoclip/filme/performance/instalação/statement político.
Mas assim de repente, assinalo duas coisas: 1- os pormenores mui Buñuelianos do binóculo partido no chão, e do banho de leite (uma engenhosa inversão do rumo da natureza: em vez de sair do seio, o leite é derramado sobre ele...); 2- o assumido vanguardismo nihilista do autor/realizador, quando, por exemplo, aos 2:38 min, e sem razão aparente, ele faz o único freeze frame do filme.
Que dizer, senão, até que enfim algum ar fresco no horizonte! Chapeau!
Eu sabia que não iria deixar ninguém indiferente.
Reconheça-se a qualidade quando com ela nos deparamos. Reconheça-se a palavra, a poesia certeira. Reconheça-se que nem sempre nem nunca 'stop making sense'. Reconheça-se o 'sense', o entrosamento música e letra quando ele existe. Reconheça-se a dor que sentimos quando vemos e ouvimos este objecto ímpar. E reconheça-se que o autor sente, antecipa a nossa dor, como o prova a inteligência do uso do leite, subtil metáfora para a intolerância à lactose que a tantos tanta dor causa. Ou a televisão que se alimenta da poderosa energia da casa sem luz, símbolo da nossa desprezável dependência do vil objecto. Reconheçam-se, enfim, o certeiro título, o certeiro final: "Como dói este SILÊNCIO".
Depois desta revelação, esvaziemos o nosso espírito com realizações menores que evocam o mesmo tema, tais como
http://www.youtube.com/watch?v=O1ZGvnGTn0U
preparando assim o nosso corpo e mente para o acolhimento de novos episódios deste fabuloso autor, quando ele determinar que é altura de com novas obras nos brindar e surpreender.
Posto isto, (h)ouve uma coisa ou outra nesta peça cinematográfica que não compreendi - como acontece, diga-se, quando vemos algumas obras de outros grandes nomes da cinematografia -; por exemplo, como se coaduna o desprezo pelo televisor com o Ferrari . Mas vou perguntar ao meu pai.
"Mas vou perguntar ao meu pai"
:)
O homem tem muito sucesso nos paises hispânicos. Não percebo é a razão do Tozé Brito ter assinado com eles. Um dos primeiros singles chamasse "Tu Danças-te" ou qualquer coisa parecida. Tenho algumas boas memórias das partners das Lipstick mas não se encontram imagens adequadas.
Post a Comment