04 March 2010

O PENSAMENTO FILOSÓFICO PORTUGUÊS (XXXVIII)

João César das Neves



O grande, enorme, monumental pensador João César das Neves é figura veneradíssima no "pensamento filosófico português". E é justamente por isso que - embora reconhecendo que qualquer um de nós, perante ele, não passa de uma amiba intelectual - é missão urgente corrigir um ou dois detalhes (menores, menoríssimos, praticamente inexistentes) que, não fosse ele quem é, poderiam ofuscar o brilho cintilante da sua última crónica.

Fala de Joan Baez ("uma das vozes mais importantes da música de intervenção dos anos 1960’s, defensora indefectível da não violência, direitos humanos e ambiente"). E, referindo uma entrevista do "Sol", afirma: "O jornalista fez-lhe a pergunta incontornável: 'se escrevesse hoje uma canção que tema abordaria?'. A própria pergunta mostra que a carreira, afinal, não está assim tão viva, dado que já não escreve canções". César Augusto, é mui vergada e humildemente que me atrevo a dizer-vos que, sim, Joan Baez escreveu umas quantas, poucas, canções mas foi, essencialmente, como intérprete que ficou conhecida (pelas chagas do nazareno, perdoai-me o reparo!...).

E - em sinal de respeito pelos maiores, continuando a não ousar olhar-vos nos olhos, insigne Mestre - atentai na vossa sapientíssima observação: "O mais curioso é a resposta. 'As pessoas deveriam saber que actualmente passo muito tempo com a família'. (...) Joan Baez já não tem causas que mereçam canções, porque passa tempo com a família. Isso é irónico, porque os seus antigos fãs e correligionários, aqueles que não abandonaram a luta, estão hoje empenhadíssimos a combater precisamente contra a família. Em tempos, ao som da música de Joan, a juventude rebelde esforçava-se por promover a justiça social e a igualdade de direitos. Hoje deixou-se disso e dedica-se antes a divulgar o aborto e a homossexualidade. Ou melhor, acha que a igualdade de direitos implica o deboche e a promiscuidade e o novo opressor é a família, a que teima em chamar 'tradicional'. Joan Baez, a sua musa de outrora, não os acompanha. Ela sabe que, no final, só a família vale a pena. Infelizmente, não consegue pôr essa causa numa canção".

Foi, certamente, apenas uma momentânea e raríssima desatenção, pois, evidentemente, não olvidais que "Joan Baez has also been prominent in the struggle for gay and lesbian rights. In 1978, she performed at several benefit concerts to defeat Proposition 6 ("the Briggs Initiative"), which proposed banning all gay people from teaching in the public schools of California. Later that same year, she participated in memorial marches for the assassinated San Francisco city supervisor, Harvey Milk who was openly gay. In the 1990s, she appeared with her friend Janis Ian at a benefit for the National Gay and Lesbian Task Force, a gay lobbying organization, and performed at the San Francisco Lesbian, Gay, Bisexual and Transgender Pride March. Her song 'Altar Boy and the Thief' from Blowin' Away (1977) was written as a dedication to her gay fanbase". (aqui). Mas estaremos sempre atentos e vigilantes para que nada, ó César!... possa macular o vosso verbo.

(2010)

4 comments:

Anonymous said...

Tu querias era um debate público com o Abominável César das Neves. Não tinhas hipótese. Ficavas KO em 2 minutos e no fim ainda te roia os ossinhos todos!

João Lisboa said...

Não, a sério, achas mesmo que sim?...

pennac said...

Espero que, "at least", lhe envies um mailezito...

João Lisboa said...

Ao Abominável?

Se tivesse visto a crónica dele a tempo, tinha era feito uma perguntinha muito directa sobre o assunto à Baez quando falei com ela.

(stay tuned)