NÃO SABEM DO QUE FALAM
"Passei um tempo esta semana a ler a História de Portugal, que Rui Ramos coordenou e que escreveram Bernardo Vasconcelos e Sousa, Nuno Monteiro e o próprio Rui Ramos (a parte que diz respeito aos séculos XIX e XX). É um livro obrigatório para qualquer português educado, mas sobretudo para qualquer político, muito especialmente pelo descrição minuciosa e lúcida do Portugal 'Moderno'. Perante as desgraças da Pátria é costume comentar: 'Sempre foi assim.' Agora, Rui Ramos (...) mostra que o desabafo não é um simples desabafo e que, de facto, sempre foi assim. Os megalómanos que andam por aí a anunciar uma espécie de 'ruptura' salvífica e a gente mais modesta que, do seu canto, mais prudentemente promete 'reformas' não sabem do que falam. A auto-satisfação do primeiro-ministro, pobre homem, roça o patético. Através de várias bancarrotas (não me dei ao trabalho de as contar), desde o 'liberalismo' que o país viveu precariamente e, quando se 'modernizou' um pouco, só se 'modernizou' por influência e com a ajuda da Europa e nem por isso se conseguiu livrar de um 'atraso' atávico. Verdade que desapareceram as caleches, como a diligência e a mula, a favor do automóvel e do avião. À superfície muita coisa mudou, em substância nada ou quase nada (...)". (Vasco Pulido Valente, "Má Sina", no "Público" de hoje)
(2009)
12 February 2010
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