19 January 2010

PORQUE NÃO?



Assim que se notasse mais, primeiro foi Maria José Nogueira Pinto a sugerir o argumento; no sábado, no seu inimitável estilo-"pensamento filosófico português", suasereníssimamagestade repescava-o; ontem, no "Público", um ficcionista/humorista de batina recorria às mesmas munições. E, do outro lado, as reacções nunca fogem muito a um chocadíssimo "Mazóquedisparate!... como se poderia pensar sequer numa coisa dessas!" Pode, pode. E, de acordo com o princípio de que o Estado não deveria nem poderia nunca meter o bedelho na vida privada dos cidadãos, porque não? Poligamia (poliginia e poliandria), para quem o desejar, evidentemente que sim.

(2010)

11 comments:

soso said...

Vamos ao que interessa: a Kate McGarrigle morreu...

RL said...

"If you grow up in a very strong religion like Catholicism you certainly cultivate in yourself a certain taste for the intensity of ideas. You expect to be engaged with ideas strongly whether you are for or against them. If you are part of a religion that very strongly insists that you believe then to decide not to do that is quite a big hurdle to jump over. You never forget the thought process you went through. It becomes part of your whole intellectual picture."

Brian Eno

[Verdade seja dita que, neste campo, já estivemos mais atrás do que outros países. Se descontarmos o erro crasso que é não possibilitar a adopção (mas creio que lá chegaremos, se calhar mais cedo do que se possa julgar), o casamento homossexual é uma conquista importante e são bem mais os países que não o permitem. Mas, ou muito me engano, ou a aceitação de casamentos homossexuais é vista como "moderna", "europeia" e, por isso, mais facilmente aceite, mesmo num país maioritariamente católico como o nosso, enquanto que a poligamia é vista como uma coisa "de África" - digo assim para evitar a terminologia esperada - e, por isso, de muito mais difícil aceitação. Ainda que secretamente desejada pelos mesmos detractores... - como sempre e como o Diácono Remédios tão bem caracterizava.]

Mais de BE aqui, numa (kind of) entrevista - como é hábito, interessante - que me deixa mais sozinho no que aos Abba diz respeito... :) e menos a JL. :)
Talvez um dia me encha de coragem e os torne a ouvir, com um chazinho de camomila no bule.

João Lisboa said...

"a aceitação de casamentos homossexuais é vista como "moderna", "europeia" e, por isso, mais facilmente aceite, mesmo num país maioritariamente católico como o nosso"

Duvido muito que - mesmo que seja assim vista - seja "facilmente aceite". O tal reinvindicado referendo chumbá-lo-ia quase de certeza. O que não era justificação para o fazer ou deixar de fazer, aliás: se houvesse um referendo para a extinção total dos impostos, provavelmente passava em glória.

"a poligamia é vista como uma coisa "de África""

Hmmm, não me cheira. Apesar de - informalmente - praticada de modo generalizado, é mais vista como uma "pouca vergonha".

Brian Eno já em uso. :)

Thanx.

RL said...

"Duvido muito que - mesmo que seja assim vista - seja "facilmente aceite". O tal reinvindicado referendo chumbá-lo-ia quase de certeza. O que não era justificação para o fazer ou deixar de fazer, aliás: se houvesse um referendo para a extinção total dos impostos, provavelmente passava em glória."

Na verdade, "mais facilmente aceite" [do que a poligamia]. Mas precisamente, e disso não tenho dúvidas (e não me viu nem verá a defender o referendo): há matérias que não devem ser referendadas (os governos/assembleia têm legitimidade para o aprovar e quando perdem a coragem para o fazer é porque realmente não estão interessados ) e muito possivelmente esta chumbava. Mas depois de aprovada, e quando as pessoas derem conta que afinal não passou a existir o caos e a desgraça com os casamentos homossexuais, creio (deito-me a adivinhar, claro) que deixará de ser matéria "polémica" e, por isso, mais facilmente aceite [do que a tal "badalhoquice" desavergonhada :) ].
(Claro que posso estar enganado... É uma esperança, apenas.)
E claro que existirão sempre Nogueiras Pintos e similares a protestar, antes e depois...

Anonymous said...

"se houvesse um referendo para a extinção total dos impostos, provavelmente passava em glória"

Por isso mesmo é que um referendo sobre essa matéria é constitucionalmente proibido.

João Lisboa said...

"Por isso mesmo é que um referendo sobre essa matéria é constitucionalmente proibido"

É?... não sabia. Mas... ... ... asfixia democrática!!!...

Anonymous said...

Eu voto no referendo para acabar com o casamento civil tout court.

João Lisboa said...

Essa hipótese já tinha sido aqui considerada:

http://lishbuna.blogspot.com/2010/01/adao-eva-caim-e-abel-e-martha-martha.html

soso said...

Só digo isto mais uma vez: perdeu-se um membro da família!

Anonymous said...

Vamos ao que interessa: a Kate McGarrigle morreu...

É a mãe do Rufus e da irmã

João Lisboa said...

"É a mãe do Rufus e da irmã"

Exacto. Ver dois comentários acima.