27 January 2010

A PANDILHA DOS "CIENTISTAS" DA EDUCAÇÃO PREPARA-SE PARA PROSSEGUIR OS ESTRAGOS (agora na versão "no boy left behind")



Vem aí uma geração de rapazes frustrados (artigo do "Público" de hoje, de Clara Viana)

Constatação de factos: "As raparigas têm hoje melhores notas e vão mais longe; os rapazes desistem, muitos deles logo no fim da escolaridade obrigatória. Nos 27 países da União Europeia, só a Alemanha mantém, no ensino superior, valores equilibrados de participação dos dois sexos".

Causas: "As raparigas são socializadas na família em moldes que facilitam a adaptação às exigências escolares: mais responsabilidade, mais autonomia, mais trabalho" enquanto "os estereótipos sociais ainda dominantes valorizam nos rapazes o desafio, a violência e o uso da força, um verdadeiro arsenal antiescolar", segundo Christian Baudelot (sociólogo especialista em assuntos de educação); por outro lado, para "os professores, na sua esmagadora maioria, mulheres, o modo como as raparigas se comportam e trabalham é 'mais conforme com as suas representações do bom aluno ou aluno ideal' - o que poderá conduzir a uma 'sobreavaliação' das alunas e a uma 'discriminação' dos alunos" (opinião de Alice Mendonça, professora na Universidade da Madeira); "como o comportamento afecta de modo significativo o aproveitamento, a pouca conformidade às regras escolares estará na base dos piores resultados dos rapazes" (Teresa Seabra, socióloga do ISCTE); ou seja, tudo isto acontece "avisam os investigadores, por [os rapazes] estarem a ser avaliados num sistema que valoriza as características próprias das raparigas e penaliza as dos rapazes".



Soluções: "Em Portugal, há alguns anos, houve quem chegasse a propor a introdução de quotas para homens nas faculdades de Medicina. Em países onde o debate está lançado, há quem defenda o regresso às escolas separadas" ou "aulas separadas para as disciplinas onde as diferenças são maiores"; "no Reino Unido, as escolas do pré-escolar receberam instruções do Governo para, a partir, deste mês, reforçarem os exercícios de escrita com 'materiais engraçados', junto dos rapazes de 3/4 anos".

CONCLUSÃO: as raparigas porque são mais responsáveis, mais autónomas, trabalham mais e têm menos problemas de comportamento criaram um quadro de valores lá muito delas (mas que os sacanas dos profes - pior ainda, as profes! -, vá-se lá entender porquê, preferem) e que, de forma totalitária, discrimina e oprime os pobres moços, recusando-se, injusta e cruelmente, a reconhecer aqueles que lhes são próprios e saudáveis, como andar à porrada, jogar à bola e andar à porrada, sem ligar peva a essas mariquices de livros e o raio. Logo, há que proteger as infelizes criaturinhas XY, rasgando-lhes os horizontes para um futuro radioso de débeis mentais que, desse modo, lhes ficará irremediavelmente assegurado.

Intrigante é que, quando os números eram ao contrário, o problema parecia não existir.

edit: este comentário na página do "Público" online é esclarecedor:

"Eu sou estudante, e percebo o problema. Sendo rapaz sempre notei que as raparigas tinham vantagem nas notas. Por vários motivos. Primeiro, organização. Os rapazes em idade escolar são estereotipados como tendo o quarto desarrumado e por terem na cabeça jogos de video, bola e coisas que não deviam. As raparigas pelo contrário, desligam-se mais das actividades fisicas e estimam o seu espaço. Isso resulta em que quando um rapaz chega a casa depois da escola, depois de lanchar vai jogar computador, enquanto que uma rapariga faz os trabalhos de casa. Na escola, os rapazes jogam à bola, brigam e divertem-se, as raparigas estão atentas. (...) Para além disso, é certo e bem sabido que o sexo masculino dá privilégio à força e à lógica, em detrimento da memorização e sensibilidade. Hoje quase todas as disciplinas escolares exigem bom comportamento e memorização, algo que para um rapaz de escola é ridículo". (o "hoje" é impagável...)

(2010)

15 comments:

Anonymous said...

"Continuam a nascer mais rapazes do que raparigas (em cada 100 nascimentos, 105 são do sexo masculino)."

extraordinário

Carlos Pires said...

Os "cientistas" da educação têm uma espécie de toque de Midas ao contrário: estragam tudo aquilo em que tocam.
O problema é que têm imensa influência sobre os políticos e sobre muitos professores.

João Lisboa said...

"em cada 100 nascimentos, 105 são do sexo masculino"

:) Também tinha reparado nessa... a falta de copydesks nas redacções é o que dá.

João Lisboa said...

"O problema é que têm imensa influência sobre os políticos e sobre muitos professores"

Eles "não têm imensa influência", eles são o verdadeiro poder.

Carlos Pires said...

Sim. Dominam o ministério e os sindicatos (que só divergem em questões mais corporativas, mas estão de acordo em relação a todos os disparates: pouca exigência, poucos exames, etc.).
O que talvez diga alguma coisa da sociedade portuguesa, da cultura e da ciência portuguesas, das elites, etc. É que aquilo que dizem é completamente inconsistente e desfasado da realidade. Como é que alguém lhes pode dar ouvidos? Só quem não pensa mesmo nada.

João Lisboa said...

Carlos, o pior de tudo é que está longe de ser um problema exclusivamente português.

Carlos Pires said...

Certo, mas em Portugal parece ser pior. Na França, na Inglaterra, na Alemanha, etc., essas ideias encontram mais resistência dos professores e não contaminaram tanto como cá a legislação, os programas, os manuais, etc.

Anonymous said...

Os rapazes são piores alunos porque atingem o "pico sexual" por volta dos dezoito; ou seja, passam a escolaridade toda com mais com que se entreter, e ainda bem. Já no caso delas, a coisa dá-se por volta dos trintas, o que justifica que não ascendam na carreira (pelo menos na verical). Mai nada. (O Freud é que a sabia toda.)

João Lisboa said...

... cá é sempre pior...

mas olhe que, em Inglaterra (um dos casos que conheço melhor), o desastre na educação não é muito diferente.

João Lisboa said...

"Os rapazes são piores alunos porque atingem o "pico sexual" por volta dos dezoito"

Rui, fale por si...

:)

Lola said...

O problema é mundial. Em quase todos os países a maioria universitária é de mulheres.
Os homens são piores alunos? Não acredito.
As regras mudaram.
É pena.
Vai faltar lógica e sobrar obediência.

pennac said...

Quando li isto ontem vi logo que não te ia escapar...
Por estranho que possa parecer, o "meu mai novo" queixa-se de bitolas diferentes na avaliação de comportamentos semelhantes. Ou seja: uma maior tolerância para as gajitas que fazem os mesmos disparates.

João Lisboa said...

"uma maior tolerância para as gajitas que fazem os mesmos disparates"

Tu vai-te lixar. :)

Claro que, obviamente, coisas dessas PODEM acontecer. Mas fazer disso regra é um disparate gigantesco.

Por outro lado - não será, eventualmente, o caso do teu mainovo -, coisa que é, naturalmente, agravante é a "má reputação"... perante disparate idêntico (ou, no limite, disparate nenhum), é bem possível que se trame (ou se trame mais) aquele/a cuja reputação o precede.

pennac said...

"aquele/a cuja reputação o precede"

Não, pá, este é o "certinho" :D.

Mas é claro que, mesmo que ocorra, não faz regra. O que eu acho MESMO estranho é a menção de diferenciação de comportamentos. Isso acontecia há 40 anos. Agora, os putos e as miúdas (pois), pelo menos em público, portam-se exactamente da mesma maneira.

Anonymous said...

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