10 January 2010

ADÃO, EVA, CAIM E ABEL (E MARTHA)



Martha Wainwright - Sans Fusils, Ni Souliers, À Paris

Dizer “família disfuncional” é, como se sabe, uma redundância. Mas ainda que, desde Adão, Eva, Caim e Abel, nesse imaginário pilar da sociedade, as coisas nunca tenham, realmente, corrido bem, há casos em que, francamente – não há como dizê-lo de outra forma –, se abusa. O casal Loudon Wainwright III (aliás, um retinto "freak-folker" bastante "avant la lettre") e Kate McGarrigle, antes de violar os sagrados votos do matrimónio, divorciando-se, reproduziu-se por duas vezes. Da primeira, nasceu Rufus Wainwright, um moço que se imagina dotado de um gigantesco talento de compositor e intérprete operático mas que, lá no fundo, gostava era de ser Judy Garland (e foi-o, em Rufus! Rufus! Rufus! Does Judy! Judy! Judy!: Live From The London Palladium). A mana mais nova, Martha, pelo seu lado, folk-rockou sofrivelmente em dois álbuns, até ter descoberto a sua verdadeira vocação: montar um gigantesco “chuva de estrelas” a solo, macaqueando Edith Piaf. Na produção do espectáculo (apresentado no Dixon Place, de Nova Iorque, em Junho passado), Hal Willner fez o que foi capaz para segurar as pontas, houve imitações mais conseguidas do que outras, mas, essencialmente, o que se deve perguntar é: não seria mais do que oportuno um referendo sobre a ilegalização do casamento heterossexual?

(2010)

2 comments:

Anonymous said...

http://theselvedgeyard.wordpress.com/2010/01/08/the-piano-has-been-drinking-tom-waits-your-inner-drnkard/

via Táxi Pluvioso

João Lisboa said...

Játá!

Danke.