UMBERTO ECO, AS LISTAS E O LOUVRE
"As pessoas do Louvre contactaram-me e perguntaram-me se eu gostaria de comissariar uma exposição nesse museu. Pediram-me que apresentasse um programa de actividades. Só a ideia de trabalhar num museu foi suficiente para me atrair. Estive lá sozinho recentemente e senti-me como uma personagem de um romance de Dan Brown. Foi simultaneamente estranho e maravilhoso. Percebi imediatamente que a exposição iria ter como tema central as listas. Porque me interessa tanto esse tema? Não sei bem. Gosto de listas pela mesma razão que outras pessoas gostam de futebol ou de pedofilia. Gostos não se discutem. (...) Pense num tigre, que a ciência classifica como predador. Como iria uma mãe descrever um tigre ao seu filho pequeno? Provavelmente através de uma lista de características: o tigre é grande, é um felino, amarelo, às riscas, e forte. Só um químico se referiria à água como sendo H2O. Mas eu digo que é líquida e transparente, que a bebemos e que nos podemos lavar com ela. Agora pode finalmente perceber aquilo de que estou a falar. A lista é a marca de uma sociedade altamente avançada e culta porque nos permite questionar as definições essenciais. A definição essencial é primitiva em comparação com a lista" (entrevista integral aqui)
9 comments:
Parece que o João Lisboa se está a auto-motivar para fazer as inevitáveis listas de final do ano e de final da década.
Pensei nisso...
:)
Pois faça. Eu também adoro listas.
Eu não é que não goste de listas, mas é que não as consigo nunca levar até ao fim. Escrevo isto e penso: talvez seja da natureza das listas serem infindáveis
A lista do supermercado fica bem em qualquer museu.
este homem é fantástico. Só ele para (me)dar às «listas» o valor que as listas devem ter.
(obrigada pelo link, João.)
Echo & The Bunnymen.
?
Umberto Echo Homo.
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