03 December 2009

GENTE DESTA É INFINITAMENTE PIOR
QUE OS GRUNHOS CRIACIONISTAS & AFINS




Leopardo explica, comenta e eu assino por baixo.

(2009)

18 comments:

Anonymous said...
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RL said...

Não entendi a opinião do empertigado anónimo anterior, mas... desta vez, eu discordo do teor do post.
Claro que me rio sempre com o Jon Stewart e ele ironiza em torno de todos os assuntos, da ala democrata (com que ele simpatiza, nomeadamente com Al Gore) até à ala mais conservadora. Mas julgo que vivemos tempos que pedem alguma cautela nos julgamentos apressados, cá (notório nos vários processos mediáticos) mas também na Europa que vive uma lamentável crise de valores (digamos que não são muito diferentes de cá, apenas mais ricos e, nalguns casos, um pouco mais instruídos; de resto, governada por gente bem desinteressante, infelizmente). Serve este intróito para sugerir que se aguarde pelo resultado do inquérito em curso. A divulgação dos emails terá sido inocente? Será que nada foi retirado do contexto? (E, já agora, outro mal de que por cá se padece - e com isto não estou a pôr em causa jornalismo de investigação, que, quando bom, até faz muita falta -, porque se dá maior credibilidade a quem comete ilegalidades [violação de segredo de justiça, intrusão no sistema informático, por exemplo]? É algo para mim incompreensível... Admite-se como verdade aquilo que alguém/aloguns (anónimo/s, quantas vezes...), procedendo mal [leia-se, ilegalmente] e com fins nem sempre muito claros, propalou...
Eu estarei do lado dos que condenam o assunto se ele se revelar verídico, mas até lá aguardo calmamente. (Mas confesso que me parece muito estranho que centenas ou milhares de insituições, em vários países, tivessem um acordo secreto mirabolante... Porque não são apenas os resultados dessa instituição que apontam para um aquecimento global com origem humana. Mas lá que isto dá uma notícia excelente para ser bem gerida pelas agências de comunicação, olarila, se não dá!)

João Lisboa said...

A questão é que, precisamente por a ciência ser o bem mais precioso, e porque (embora se possa sempre interrogar as origens da informação), há dados que fazem pensar (e não são só de agora)

http://lishbuna.blogspot.com/2009/10/e-no-entanto.html

e (pensar lubrifica sempre os neurónios) supor que, como é demasiado frequente, what you see us not what you get. O esplendoroso caso da gripe A parece-me suficientemente educatico.

Ainda ontem, ouvia falar de uma morte recente "sem factores de risco" (!!!). Claro que só poderia haver "factores de risco"! Não são é os que (sem tempo razoável para os definir de forma minimamente rigorosa - basta pensar na quase década que foi necessária para, no caso do HIV, se passar dos fantasiosos "grupos de risco" iniciais, negros e homossexuais, para os comportamentos de risco) se está à espera que sejam. E que, com menos de um ano de acompanhamento da "pandemia", só podem ser calculados a olhómetro.

João Lisboa said...

Era, claro,

what you see is not what you get

Anonymous said...
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RL said...

Estou quase seguro que o insistente anónimo concorda comigo :-)

Voltando ao tema: tenho formação científica [afirmação com que não pretendo assumir uma putativa maior autoridade no assunto, note-se] mas, em certas questões, deixando a "ciência" trabalhar (e a ciência é "feita" por pessoas e por isso falíveis ou com vícios ou interesses), prefiro assumir uma atitude cautelosa.
Até pode ser (o que duvido) que não haja aquecimento global com origem humana mas, até isso se provar, porque não admitir que isso pode acontecer e optar por uma gestão dos recursos que previna o pior?
Na gripe, idem. A histeria não é boa conselheira, mas quem a provoca são os meios de comunicação social. Mas na verdade, tendo eu familiares dentro do chamado "grupo de risco" actualmente definido, não vou deixar de tomar precauções (ou então, contrariamente à minha formação ateia, assumir uma posição de fé que me levaria a crer que a mim a gripe não chegará ou que, se chegar, poderei bem com ela... Há uma probabilidade não nula - e, como envolve o risco máximo, não desprezável - de me atingir, directa ou indirectamente. E talvez não seja muito pior que uma gripe "normal", mas é mais um factor de risco novo e de desfecho imprevisível, no momento). Por outro lado, esta "histeria" tem um lado positivo: a sociedade exige assim à ciência que resolva o assunto, ou seja, que investigue, ou seja... a ciência avança. Em breve, se tudo correr bem, será mais um vírus facilmente combatido, o que evitará mais mortes.

Retomando o assunto do post, e referindo -me, em particular, ao apontador que sugere no comentário acima, eu confesso que, nesse artigo (que li até ao fim), só vejo que não há acordo no assunto, não que não há, taxativamente, provadamente, aquecimento global... E a tal conferência no fim do mês de Outubro, que aquele cientista anunciou, não terá tido grande eco, parece-me...
Para terminar (que já me alonguei muito, peço desculpa), estou um bocadinho "queimado" com vários assuntos em que estive envolvido, para os quais vim chamando a atenção ao longo de anos, que foram sempre por outros desvalorizados, mas que (quando já demasiado tarde) vieram a provar-se estar eu do lado dito mais "catastrofista". Pois, quando nos dão razão nestas coisas... obrigadinho...

Relativamente a "Ainda ontem, ouvia falar de uma morte recente "sem factores de risco" (!!!)" subscrevo a análise. E lembro uma afirmação de Alfredo Barroso, em entrevista à RTP (?) há uns anos: quando perguntado se não tinha receio - por ser fumador de charuto - de alguma doença o atingir, respondeu (cito de memória): "Não há nada pior do que morrer saudável!".
:-) Não sou fumador, por opção (já fui, por pouco tempo e moderado), mas também não sou antitabagista.

Lightnin' Jones said...

Nem sempre o que parece é...
Vale muito a pena ler:
http://www.economist.com/displaystory.cfm?story_id=14960149

e isto também:
http://www.nature.com/nature/journal/v462/n7273/full/462545a.html

RL said...

Pois.
Lamento sempre a superficialidade com que a maioria da comunicação social lusa aborda as questões, dando-as como certas e explorando mas o contraditório. E bem sei que nem sempre é responsabilidade dos jornalistas, antes do órgão para quem trabalham. Análises como as sugeridas no comentário anterior [Paulo], mais profundas, são por cá raras (a Nature é uma publicação científica, tem essa obrigação, dir-se-á, mas o The Economist não).

RL said...

"explorando mas o contraditório"
leia-se "explorando mal o contraditório"

João Lisboa said...

"A more serious concern is that they believe in global warming too much, and that their commitment to the cause leads them to tolerate poor scientific practice, to close themselves off from criticism, and to deny reasonable requests for data"

Paulo e Raul, isto parece-vos... err... aceitável?

RL said...

Vou ter que ser breve, filho à espera de banho...
Claro que não. Porém, não se generalize. Fala-se aí "dos autores dos emails" - podem ser dois, três, dez, numa comunidade de centenas ou milhares de investigadores.
Por outro lado, aplicar alguma paixão numa causa que está a ser investigada não é necessariamente mau se, no final, se for sério na análise dos dados - e se houver uma avaliação por pares que detecte falhas ou má conduta na investigação.
Não se imagine uma investigação "neutra" - sem com isto querer dizer enviesada. Parte da investigação é feita no sentido de provar que algo que sugere uma dada tendência tem uma dada origem de que se suspeita. E é muitas vezes preciso estar "apaixonado" pelo assunto para fazer investigação de qualidade. Claro que, repito, com a capacidade de seriamente encarar os resultados, sejam eles quais forem. Mas toda a ciência, ao longo da história, se fez por paixões pelo objecto de estudo e, muitas das vezes, com "birras" por parte do investigador. (Olhe que respondi ao que me pediu, apesar de à primeira não parecer! :) Eu sei que critica a falta de honestidade, no seu repto, mas eu também; essa questão nem se põe, para mim.)

João Lisboa said...

"Até pode ser (o que duvido) que não haja aquecimento global com origem humana"

Não é isso, suponho, que estará em causa, mas sim o grau de importância.

(Gripe) "Há uma probabilidade não nula"

Ó Raul, mas há sempre uma probabilidade "não nula"... de tudo!

"como envolve o risco máximo, não desprezável - de me atingir, directa ou indirectamente"

Como desde que o mundo é mundo e a gripe é gripe: dá-se uns espirros, tosse-se um bocado, mais febre ou menos febre, e a vida segue. Todos os anos, morre, no mundo, meio milhão, mas, desde que o mundo é mundo, a gripe é gripe e as TVs são TVs, nunca o assunto tinha aberto telejornais a anunciar o apocalipse.

"Em breve, se tudo correr bem, será mais um vírus facilmente combatido"

Parece que nem está a dar muita luta...

"estou um bocadinho "queimado" com vários assuntos em que estive envolvido"

Até consigo imaginar facilmente. :)

Mas o que me põe de garras de fora (só estúpida e indesculpável ingenuidade, eu sei) é imaginar que, no âmbito científico - mesmo que por "boas" razões - possa haver trafulhas tão trafulhas como o professor Bambo - o professor Karamba, esse, é sério, nada de calúnias!!!... :-)

João Lisboa said...

Não tinha lido o comentário "pré-banho". :)

Mas parece-me que o essencial se mantém.

"Olhe que respondi ao que me pediu, apesar de à primeira não parecer!"

Percebi. E compreendi.

RL said...

Regresso, não de cara mas de filho lavado (e deitado - o filho!).

Não o vou ocupar demasiado, ou acusar-me-ão de o impedir de lançar novos posts de outros temas. Mas respondo (e clarifico) ao seguinte:

RL: """Até pode ser (o que duvido) que não haja aquecimento global com origem humana"
JL: Não é isso, suponho, que estará em causa, mas sim o grau de importância."

Pois, mas muitos interpretam o assunto da forma: "o Homem não é responsável", ponto. (E a teoria da mini-era glaciar que atravessamos ser compensada pelo aumento da temperatura provocado pelo Homem, tornando-o, por isso, até desejável, já tem muitos anos.) De qualquer forma, se (aí sim, comprovadamente), os poluentes, cuja emissão é normalmente concomitante à emissão de CO2, são prejudiciais à saúde; se, por exemplo, o abate maciço de árvores é, pelo menos, contrário a um bom-senso na forma como devemos encarar e tratar a natureza, não seria conveniente fazermos um esforcinho?
Quando não se tem a mínima suspeita dos malefícios, por ignorância dos efeitos, é compreensível (ou desculpável) uma acção que envolva riscos de que só mais tarde se tem a noção (pense-se nos primeiros investigadores que lidaram com radiação ionizante, por exemplo, e que não se protegiam minimamente... Hoje arrepia pensar na exposição a que estiveram sujeitos).
Porém, muito já aprendemos precisamente por ter havido tantas situações em que, por [às vezes "alegado", parafraseando post anterior] desconhecimento, se provocaram danos ou sofrimento. E com isso aprendemos (ou deveríamos ter aprendido) a tornarmo-nos mais cautelosos. "Acho eu de que..."


RL:"(Gripe) "Há uma probabilidade não nula" "
JL: "Ó Raul, mas há sempre uma probabilidade "não nula"... de tudo! "

É uma forma que uso quando quero dizer, em linguagem corrente, que é até considerável. A expressão facial que fiz quando o escrevi não ficou impressa no comentário, lamento... Aceito a reparo como um "toma lá, que é para não descurares nunca o rigor, seja em que circunstância for".
Sim, existe a probabilidade não nula de me sair o Euromilhões, de me cair um meteorito na cabeça ou até de uma árvore da Amazónia subitamente levantar com o vento e, fruto de circunstância irrepetíveis de correntes atmosféricas que se vão verificar na próxima segunda-feira até terça, essa árvore aterrar em cima do meu carro. [Em Janeiro deste ano foi uma telha, porque não em Dezembro uma árvore??] Mas já não é desprezável (é um não-nulo maior, portanto) que o referido "menino lavado", rodeado por inúmeros "amiguinhos" contagiáveis no infantário, a traga com ele. E que, não contente com isso, a espalhe pela família. Ou eu, claro, que lido com muitos alunos, aumentando a probabilidade ainda mais.
E quando falo em cautelas não significa que não ande de metro ou que ande com máscara, nada disso. Mas que evito certas "exposições" desnecessárias, isso creio que o faço, não tanto por mim mas porque, como já o disse, tenho contacto com pessoas que, por questões de saúde, estão incluídas nos tais grupos de maior risco. À cautela... (claro que podia sempre rezar para que não lhes acontecesse nada... se soubesse rezar... :) )

RL said...

JL:"Como desde que o mundo é mundo e a gripe é gripe: dá-se uns espirros, tosse-se um bocado, mais febre ou menos febre, e a vida segue. Todos os anos, morre, no mundo, meio milhão, mas, desde que o mundo é mundo, a gripe é gripe e as TVs são TVs, nunca o assunto tinha aberto telejornais a anunciar o apocalipse."

Aí sim (não renegando o que escrevi logo acima), d'accord. E mais: tanta doença por este mundo fora mais perigosa e mais mortal e só delas se ouve falar semestralmente numa perdida "Grande reportagem" (a menos que se procure informação, porque ela existe; não é é propalada aos quatro ventos)... Mas isso levar-nos-ia a outro assunto (cai um avião na Europa ou Europeu, e é notícia de abertura de vários dias; cai um avião filipino e - se dele viermos a saber - é noticiado lá para o fim, entre lixo noticioso)... Juro que não o vou começar (ups, já está!)


RL:"estou um bocadinho "queimado" com vários assuntos em que estive envolvido"
JL:"Até consigo imaginar facilmente. :)"

Hmm... Detecto aqui alguma ironia subliminar?... :)


Quanto ao último parágrafo (JL) ainda do comentário das 7:52, eu já tinha dito o que penso sobre a desonestidade (terá que acreditar que o digo com sinceridade, já que, lá por eu dizer isso, já o Descartes se divertia com subtilezas acerca da distribuição do "bom-senso").

Pronto, não o maço mais com este assunto! (nem maço de tabaco, não vá a notícia da Apple ser mesmo verdade e o meu avariar, já que há uma probabilidade não nula de isso acontecer - e aqui, uma excepção, "não-nula" é dito com o mesmo significado da árvore amazona).

João Lisboa said...

"não seria conveniente fazermos um esforcinho?"

Tomando isto (abusivamente, claro, mas a intenção é só to cut a long story short) pela totalidade dos seus argumentos: sim, claro que sim.

"Mas que evito certas "exposições" desnecessárias, isso creio que o faço"

Como, mesmo os mais assanhados descrentes do apocalipse-H1N1 reconhecem, o grande benefício desta história poderá ter sido a interiorização de umas quantas medidas de higiene elementares que não faziam parte dos hábitos correntes.

"Detecto aqui alguma ironia subliminar?"

Nenhuma. Zero. A sério. Porque, não fazendo a mínima ideia do que estava a falar, não me custa nada acreditar.

E vou fumar um penúltimo cigarro, lançando fumo sobre o meu não-Apple.

RL said...

:-)

JL: "a intenção é só to cut a long story short"
Ou seja, se não o """""""derrotei""""" (muitas aspas) por argumentos, derrotei-o (sem aspas) por exaustão! :-)

"Nenhuma. Zero. A sério. Porque, não fazendo a mínima ideia do que estava a falar, não me custa nada acreditar." - "Tranquilo!" (leia-se à espanhola, pf) e peço desculpa pela nota, que pretendia humorística (daí o :) no final), não era para desculpar-se [e mesmo que fosse "alguma ironia subliminar", tenho suficiente capacidade de encaixe para bom-humor - assim sendo, pode mudar de ideias].

Bom fumo!

João Marques said...

Obrigado pelo insulto relativamente aos grunhos criacionistas.