09 October 2009

PORTUGAL: O PRESENTE E O FUTURO (I)



"(...) Havia três chimpanzés que estavam constantemente a competir pela liderança do grupo. No início do estudo, a posição de macho-alfa era ocupada por Yeroen. Um dos factores importantes que ajudava a manter essa liderança era o apoio das fêmeas chimpanzés. As copiosas e finalmente bem sucedidas tentativas de Luit para destronar Yeroen consistiam em retirar-lhe esse apoio. Antes desse desafio, Luit ocupava uma posição relativamente periférica na colónia - sendo obrigado por Yeroen a viver ligeiramente à parte do resto do grupo. O factor-chave da mudança em toda essa dinâmica aconteceu quando um macho mais jovem, Nikkie, cresceu o bastante para formar uma aliança com Luit. Juntos empenharam-se numa política de 'punição' - ou seja, distribuir uns açoites - impostos às fêmeas, não porque lhes apetecia, mas porque tinham o objectivo de demonstrar a falta de capacidade de Yeroen para as proteger. Cerca de quatro meses depois desta política ter entrado em vigor, as fêmeas começaram a apoiar Luit, certamente porque estavam fartas dos correctivos de que estavam a ser alvo e porque Yeroen não era capaz de travar aquela situação.



Na sequência da sua acensão, Luit depressa mudou de política. Como líder, tinha agora de mudar de atitude para com as fêmeas e também para com os outros machos. Quanto às primeiras, confiava no apoio delas e adoptou uma vigilância justa para manter a paz. No que respeita aos machos, começou a apoiar os mais fracos. Ou seja, quando intervinha num conflito entre dois machos, normalmente apoiava os mais fracos. Assim, embora na sua ascensão ao poder tivesse contado com a ajuda de Nikkie, normalmente ficava do lado de outros chimpazés nas disputas com Nikkie. Esta política fazia sentido. O vencedor de um conflito entre dois machos seria provavelmente forte o suficiente para pôr em causa a autoridade de Luit. O mesmo já não se passaria com um derrotado. E, ao apoiar o mais fraco, Luit aumentava também a possibilidade de ter o apoio do mesmo noutros conflitos. Por outras palavras, as exigências da liderança levavam a que fizesse alianças com aqueles que não podiam pôr em causa a sua autoridade, para se proteger daqueles que eram capazes de a desafiar". (análise cortesia do politólogo Mark Rowlands em O Filósofo E O Lobo - continua)

(2009)

1 comment:

RL said...

Com algo a ver...

http://sorisomail.com/email/8067/como-se-forma-um-paradigma.html

... ou seja, outra macacada que simplifica... (ou será que estas até complicam o que é simples?)

Como diria Luís Filipe Vieira, cada galho em seu macaco. Fora ele do Porto (alvíssaras, não é!), talvez dissesse "Cadagalho em seu macaco".