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"(...) Havia três chimpanzés que estavam constantemente a competir pela liderança do grupo. No início do estudo, a posição de macho-alfa era ocupada por Yeroen. Um dos factores importantes que ajudava a manter essa liderança era o apoio das fêmeas chimpanzés. As copiosas e finalmente bem sucedidas tentativas de Luit para destronar Yeroen consistiam em retirar-lhe esse apoio. Antes desse desafio, Luit ocupava uma posição relativamente periférica na colónia - sendo obrigado por Yeroen a viver ligeiramente à parte do resto do grupo. O factor-chave da mudança em toda essa dinâmica aconteceu quando um macho mais jovem, Nikkie, cresceu o bastante para formar uma aliança com Luit. Juntos empenharam-se numa política de 'punição' - ou seja, distribuir uns açoites - impostos às fêmeas, não porque lhes apetecia, mas porque tinham o objectivo de demonstrar a falta de capacidade de Yeroen para as proteger. Cerca de quatro meses depois desta política ter entrado em vigor, as fêmeas começaram a apoiar Luit, certamente porque estavam fartas dos correctivos de que estavam a ser alvo e porque Yeroen não era capaz de travar aquela situação.
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Na sequência da sua acensão, Luit depressa mudou de política. Como líder, tinha agora de mudar de atitude para com as fêmeas e também para com os outros machos. Quanto às primeiras, confiava no apoio delas e adoptou uma vigilância justa para manter a paz. No que respeita aos machos, começou a apoiar os mais fracos. Ou seja, quando intervinha num conflito entre dois machos, normalmente apoiava os mais fracos. Assim, embora na sua ascensão ao poder tivesse contado com a ajuda de Nikkie, normalmente ficava do lado de outros chimpazés nas disputas com Nikkie. Esta política fazia sentido. O vencedor de um conflito entre dois machos seria provavelmente forte o suficiente para pôr em causa a autoridade de Luit. O mesmo já não se passaria com um derrotado. E, ao apoiar o mais fraco, Luit aumentava também a possibilidade de ter o apoio do mesmo noutros conflitos. Por outras palavras, as exigências da liderança levavam a que fizesse alianças com aqueles que não podiam pôr em causa a sua autoridade, para se proteger daqueles que eram capazes de a desafiar". (análise cortesia do politólogo Mark Rowlands em O Filósofo E O Lobo - continua)
(2009)
1 comment:
Com algo a ver...
http://sorisomail.com/email/8067/como-se-forma-um-paradigma.html
... ou seja, outra macacada que simplifica... (ou será que estas até complicam o que é simples?)
Como diria Luís Filipe Vieira, cada galho em seu macaco. Fora ele do Porto (alvíssaras, não é!), talvez dissesse "Cadagalho em seu macaco".
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