NEM COM AS RESPOSTAS ESTUDADAS
A CASCA GROSSA SE DEIXA AMACIAR
É uma pequena vergonha que todos os figurões políticos convidados dos Gato Fedorento tenham conhecimento prévio das perguntas que lhes irão ser feitas (sim, têm) e que, desse modo, possam estudar e ensaiar respostas. Das quais, sabendo o que sabemos acerca do modo como funciona o baixo teatrinho partidário da choldra lusa, até podemos, mui legitimamente, suspeitar não serem da autoria dos próprios. O medinho de, sem controlo da situação, dar barraca, de ser expostos como trombudos sem piadinha nenhuma ou de, inadvertidamente, aviar mais um ou dois concertos para violino de Chopin (isto é, o pavor de "estragar a imagem"), congela-lhes as gônadas e, ou é assim, ou não há entrevista. Mas há quem (ver e ouvir aí em cima), nem mesmo com batota, se livre do registo de piadola de caserna, das tasqueirices sobre "cultura de esquerda" e "de direita" e de ir beber à escola filosófica Radiotaxis-Autocoop em matéria de política social.
(é ainda mais pena porque as primeiras partes do "Esmiúça os Sufrágios" não são apenas bom humor: são exactamente aquilo que o jornalismo político não se atreve a fazer - confrontar permanentemente contradições, mentiras óbvias, discursos absurdos e o patético ridículo permanente da opera buffa da república, o próprio jornalismo incluído)
(2009)
02 October 2009
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9 comments:
Os Gato já alguma vez admitiram que os políticos sabem antecipadamente as perguntas? Ou esta informação tem origem em fonte não identificada? É que, a ser verdade, o momento da entrevista perde completamente o interesse (quer dizer, agora percebo porque é que alguns políticos respondem às provocações do RAP com respostas humorísticas aparentemente "espontâneas"!...)
"Os Gato já alguma vez admitiram que os políticos sabem antecipadamente as perguntas? Ou esta informação tem origem em fonte não identificada?"
No "i" online, logo no início do programa, recordo-me de ter lido qualquer coisa como "os entrevistados têm conhecimento antecipado dos tópicos que serão abordados" (pode ir-se lá confirmar). Não era explicitamente confirmado mas deixava a ideia a pairar... entretanto, "fonte não identificada" :) , sim, confirmou-me isso.
"agora percebo porque é que alguns políticos respondem às provocações do RAP com respostas humorísticas aparentemente "espontâneas""
Pois, foi exactamente isso que, programa atrás de programa, me deixou com a pulga atrás da orelha. Há três ou quatro casos, então, em que as respostas têm um ar tão ostensivamente escrito e construído que, só por milagre, aquilo poderia ser espontâneo. Não é.
Está aqui:
http://www.ionline.pt/conteudo/23772-gato-fedorento-esmiucar-o-que-esta-em-cima-da-mesa
O que me espanta no gatídeo programa é a sua originalidade. Eu estou muito orgulhoso de ter sido, portugueses, a inventarem e a venderem o formato à Central Comedy. Parabéns Portugal.
Gostei de ver o RAP e o Santana Lopes com gravatas a condizer. Mais outra novidade lusa, vendida depois ao Bush e Blair.
Movimento "Polanski pra Guantánamo já" para ajudar o fofinho presidente.
"O que me espanta no gatídeo programa é a sua originalidade. Eu estou muito orgulhoso de ter sido, portugueses, a inventarem e a venderem o formato à Central Comedy. Parabéns Portugal"
Mas qual é o problema de o formato ser o do Daily Show (coisa que, aliás, desde o princípio, foi admitida pelos Gatos)? Até porque esta questão dos "formatos" é um pouco tola: um programa de humor em torno da política e das notícias não tem propriamente copyright - o Herman José, por exemplo, fazia-o já há bastantes anos, tal como os próprios Gatos antes do Esmiúça. E o Contra-Informação não era também descendência do Spitting Image (que também procriou abundantemente pelo mundo todo)?
As perguntinhas conhecidas previamente e as respostas ensaiadas é que são o busílis.
Ah... e é Comedy Central.
humm...não há volta a dar aos temas já conhecidos...
é só fazer uma análise...
luis filipe menezes:
- pacheco pereira(loira).
- manuela ferreira leite/guerras internas psd.
- guerra porto/rui rio.
- sulistas, elitistas, liberais.
- relação gaia/fcp
- hino desta campanha.
o próprio luis filipe menezes disse que estudou o ricardo antes e, sabendo que ele era um fã do woody allen, estudou também as possíveis perguntas e as respostas que podia utilizar(o que quer que isto signifique).
o nervosismo deles todos, as diferentes caras por segundo do pinócrates aquando da última pergunta, o 'delay' das respostas da manuela, a ansiedade da 'super fofinha', a cara do santana quando o ricado disse que tinham que interromper, mostra que há alguma percentagem de desconhecido e inesperado no que pode ser perguntado.
"o nervosismo deles todos, as diferentes caras por segundo do pinócrates aquando da última pergunta, o 'delay' das respostas da manuela, a ansiedade da 'super fofinha', a cara do santana quando o ricado disse que tinham que interromper, mostra que há alguma percentagem de desconhecido e inesperado no que pode ser perguntado"
Não digo que não exista nem disse que obedece a um script integralmente pré-redigido. Mas muitas dessas atitudes tembém decorrem da encenação. O 'delay' da MFL é um óptimo exemplo: tanto deve ter correspondido ao "tentar recordar-se da resposta" como à intenção de dar a ideia de que "tinha de reflectir antes de responder", que a coisa era espontânea.
Noutros casos, a perfeitíssima contrução das respostas, com princípio, meio e fim, muito pouco 'orais' e bastante 'escritas', com historieta ilustrativa incluída e tudo, denunciavam francamente o processo.
A análise, uma a uma das 'entrevistas' sob este ângulo até podia dar um trabalho com pinta.
Também nunca percebi porque é que o facto do programa dos GF ser, assumidamente, um émulo do Jon Stewart, isso possa ser negativo.
É uma grande porcaria, isso de eles saberem as perguntas - mas dá para perceber que sim. Dentro da porcaria, no entanto, encontro uma pequena diferença entre o conhecimento das perguntas e dos tópicos. Os tópicos até podiam ser adivinhados pelos staff, não precisavam de ser os Gato a fornecer-lhos. Mas, se a coisa for mesmo das perguntas exactas... Shame on them (principalmente nos Gato).
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