20 October 2009

LETRA "B"



Big Star - #1 Record + Radio City

Há certas afirmações que muito dificilmente poderão ser proferidas sem provocar, instantaneamente, reacções emocionadamente incandescentes. Por exemplo, esta: os Big Star (confessadamente) aprenderam tudo com os Beatles e, rapidamente, ultrapassaram os mestres. Acrescentem-lhe outra: aos Beatles, agrafaram os Byrds e Beach Boys (hipótese para tese de mestrado em musicologia pop: a importância da letra “B” na passagem da década de 60 para a de 70 e seguintes) e, em três álbuns – ainda que poucos os tenham escutado –, definiram, por muitos anos, o "state of the art" em matéria de música popular anglo-americana numa dimensão que, só, talvez, os Velvet Underground terão ultrapassado.



Mesmo tanto tempo depois, é uma declaração de guerra, claro. Tentemos enterrar os machados e escutemos, em modo remasterizado-para-salvar-o-que-resta-da-indústria, Record #1 (1972) e Radio City (1974). Onde existiu, em qualquer outro lado, antes e depois, tal concisão melódica, de mãos dadas com idêntico requinte harmónico vocal, superior bordado de guitarras eléctricas e simultâneo "punch" rock? Peter Buck, dos R.E.M, (é só um exemplo) responde por nós: em lado nenhum. Mais em filigrana, um, mais musculado, o outro (Third/Sisters Lovers, 1978, abria para outros obscuros lugares), Chris Bell e Alex Chilton inventavam um fértil futuro. Como deve dizer-se, vénia.

(2009)

3 comments:

Anonymous said...

Isto sim, é divinal!

nélito relhálha said...

'nature boy' no meu enterro, se fizerem favor.

Lightnin' Jones said...

um grande bem haja