DOMESTICADA
Lhasa - Lhasa
Esqueçam o mito urbano crítico-jornalístico acerca do "backlash" irremediavelmente consecutivo ao incensamento-mitificação inicial, enquanto livro de estilo da apreciação estética. Pode haver quem o pratique como forma de ascensão social mais ou menos ágil – descartar os heróis de ontem para acolher freneticamente os supostos ídolos, quase sempre frágeis, de depois de amanhã – mas, no caso de Lhasa de Sela, não é, de todo, disso que se trata. Após os óptimos La Llorona (1998) e The Living Road (2003), o homónimo Lhasa é o que – musicalmente falando – se deverá justamente classificar como decepção. Há fantasmas treslidos dos blues, assombrações de country e do Tom Waits assombrado pela country mas, tudo isso, demasiado domesticado, sem arrepio de fronteira, coisa planificada para público BCBG/Club Med, em busca do sobressalto das onze da noite, à sombra da palmeira, mediterrânica ou, convenientemente, caribenha. Não é, realmente mau, mas poderia ser, facilmente, muito melhor.
(2009)
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2 comments:
"coisa planificada para público BCBG/Club Med, em busca do sobressalto das onze da noite, à sombra da palmeira, mediterrânica ou, convenientemente, caribenha"
:D Muito bom!
Mas, agora, faz sentido, não é verdade? Infelizmente.
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