16 February 2009

ANTIGO PATRÃO DA IFPI DIZ QUE
COMBATER OS DOWNLOADS ILEGAIS
É UMA PERDA DE TEMPO



Per Eirik Johansen

Porque é que será que as pessoas que exercem cargos influentes são obrigadas a fazer coisas em que não acreditam e que acham que estão erradas? Não por acaso essas pessoas só confessam a sua hipocrisia anos depois de deixarem de exercer esses cargos. Parece que existe um autêntico colete de forças que os obriga a ser hipócritas e esquizofrénicos.

Numa entrevista recente ao jornal norueguês "Dagbladet", o antigo presidente do conselho de administração da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI) e ex-director da filial norueguesa da EMI Per Eirik Johansen admitiu que o combate à partilha ilegal de ficheiros foi inútil e que a melhor forma de lutar contra a “pirataria” consiste em encontrar soluções melhores uma vez que a geração de fãs de música mais novos já viola o direito de autor.

Para quem foi em tempos um defensor acérrimo de medidas como as DRMs - na altura da sua direcção, a EMI Noruega chegou mesmo a comercializar mais de 400 mil CDs equipados com tecnologia de protecção anti-cópia - tais declarações não deixam de constituir uma reviravolta de 180 graus em relação àquilo que se defendia anteriormente.

Mas afinal não passava de uma fachada para agradar aos patrões da casa-mãe. Como o próprio Johansen explica, “durante o tempo em que recebi um salário da EMI, senti que era meu dever defender algo em que não acreditava”.



Quem o viu e quem o vê. Agora com 49 anos, Johansen lançou no Verão passado uma nova empresa de management de artistas. Talvez seja por isso mesmo que ele saliente que está optimista em relação ao futuro da indústria musical, nomeadamente no que diz respeito ao sector dos concertos ao vivo e aos novos modelos de negócio.

Agora na sua posição de outsider, o antigo patrão da famigerada IFPI não se coíbe de criticar as grandes editoras discográficas. Na sua opinião, para além das majors não terem previsto antecipadamente as mudanças que ocorreram nos anos recentes no mercado elas limitaram-se a reagir de uma forma passiva ao que se estava a passar. O resultado é que os seus modelos deixaram de ser válidos. “Nunca ninguém conseguiu vencer um combate contra uma nova tecnologia”, conclui.

O problema é que a tecnologia por si só não foi o factor que desencadeou toda a mudança mas sim a forma como as pessoas passaram a utilizar em massa essa tecnologia da forma que lhes era mais conveniente sem ter em conta se isso prejudicava ou não os interesses de uma pequena minoria de empresas habituada de há décadas a controlar o circuito da distribuição. E Johansen foi dos que estiveram do lado errado durante demasiado tempo. O cinismo tem limites. (aqui)

(2009)

3 comments:

Anonymous said...

( http://img25.imageshack.us/img25/5250/32125176247c7dda2b67ojg6.jpg )

João Lisboa said...

yup.

Táxi Pluvioso said...

Só não acabam se não quiserem. Basta definir objectivos para a polícia como fazem para as multas de trânsito, bares etc.

Os países têm seguido estratégias diferentes. Nos USA, o pessoal do entretenimento tem um grande poder de pressão sobre os políticos. Veja-se como o seu dinheiro e imagem serviu para eleger o imperador santo. Ele como bom seguidor de Wbush (que obrigou o Governo luso a por a GNR nas feiras a confiscar as Lii e Leve's aos ciganos)retribuirá o favor levando ao mundo o problema das patentes.

Na França, país com actividade cultural no passado, vendiam Léo Ferrer, Sylvie Vartan ou cinema, culpa o seu declínio ao download e faz grandes campanhas para sensibilizar os jovens. E ao mesmo tempo Zarky promete atacar com força da lei.