02 October 2008

O ROSTO DO JAZZ (II)
(o embaraço da escolha)




Todas as 650 capas são matéria de afectos, devoção, admiração, estojos de História e de histórias. Mas, quando, se pergunta a Joaquim Paulo quais a que elegeria como “pérolas da colecção”, o embaraço da escolha, perante a abundância, é evidente: “Há dois ou três discos da Strata-East que são extraordinários. Um é do Ensemble Al-Salaam, maravilhoso tanto do ponto de vista musical como da capa, e o do Mtume Umoja Ensemble, Alkebu-Lan: Land of The Blacks. Depois – isto é praticamente um lugar-comum porque o disco é um clássico – eu acho que a capa do A Love Supreme, do Coltrane, em termos estéticos, é uma coisa assombrosa. Não pela paixão que, musical e afectivamente, eu tenho pelo o disco mas porque, graficamente, é, de facto, uma capa maravilhosa. Mas também há algumas coisas de jazz brasileiro que, graficamente, eram muito evoluídas no que respeita ao tratamento técnico da imagem: há o de um guitarrista brasileiro, Gay Vaquer, The Morning Of The Musicians, que, quando eu falei com os responsáveis do departamento de artes gráficas da Taschen, eles ficaram intrigados com a forma como aquilo poderá ter sido realizado em 1968, utilizava uma técnica extremamente avançada. Mas, de entre todos, adoro os discos desenhados pelo Jim Flora, tinham muito de banda desenhada e de experimentalismo. Se pudesse fazer uma opção exclusivamente pelo lado da concepção gráfica, acho que teria de incluir todas as capas desenhadas por ele”.

(2008)

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