12 March 2008

MEFISTÓFELES COM ALGO DE DRUÍDA



John Jacob Niles - My Precarious Life In The Public Domain

Foi através de Bob Dylan - No Direction Home, o documentário de Martin Scorsese publicado no ano passado, que o mundo "at large" travou conhecimento com John Jacob Niles. As imagens de Woody Guthrie, Odetta ou de todos os restantes nomes lendários da folk norte-americana do século XX podiam ser impressionantes mas muito poucos estariam preparados para aquela verdadeira aparição de uma personagem de assombração, tocando dulcimer e cantando melodias tradicionais num sobrenatural falsetto. Essa boleia foi muito convenientemente aproveitada para a reedição deste conjunto de baladas (a edição original data de 1940) recolhidas pelo folclorista Francis James Child que Niles — nascido, em 1892, no Kentucky, possuía apurada formação musical académica e compôs diversas peças de música erudita — interpreta acompanhado por um dos cerca de trinta dulcimers que ele próprio construiu. Dylan chamou-lhe "a Mephistophelean character" e Henry Miller afirmava que "ele tinha uma voz que evocava memórias de Artur, Merlim e Guinevere, havia algo de druída nele". Tinham ambos razão.



(2006)

3 comments:

menina alice said...

"Dylan chamou-lhe "a Mephistophelean character" e Henry Miller afirmava que "ele tinha uma voz que evocava memórias de Artur, Merlim e Guinevere, havia algo de druída nele"."

Um gajo cresce logo uns 20 ou 30 cms com dois elogios destes.

João Lisboa said...

Por acaso, imaginei que irias dizer que "havia algo de Natália de Andrade nele". O que não seria menor elogio.

menina alice said...

Por ser uma assombração em falsetto?
Já não conseguiria. Desde que a puseste "ao lado" do Liberace, não consigo descentrar-me dessa referência.