03 November 2007

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David Byrne & Brian Eno - My Life In The Bush Of Ghosts

Em 1979 — na mesma altura em que Holger Czukay e os Can se entregavam às suas "Ethnic Forgeries" — , os Talking Heads tinham acabado a digressão de Fear Of Music e David Byrne e Brian Eno encontravam-se para ouvir discos daquilo a que ainda ninguém chamara "world music". Três ideias os orientavam: tornar o "vulgar" interessante, descobrir música onde não é suposto ela existir e modificar o sentido de uma mensagem, recontextualizando-a.



Os antecedentes que, nos textos do "booklet" que acompanha a reedição de My Life In The Bush Of Ghosts (acrescentando de diversos extras e um filme de Bruce Conner), Eno abertamente reivindica, eram Cage, Pierre Schaeffer, Steve Reich, Stockhausen, a música africana, árabe, o funk, o dub e o roots-reggae. Inventando, artesanalmente, o "sampling", sobre um trampolim rítmico denso e minimal, agrafaram vozes "étnicas", de pregadores radiofónicos", "found vocals" avulsos. Por um instante, consideraram a hipótese borgesiana de o editar como testemunho sonoro de uma civilização até aí desconhecida. Acabaram por lhe dar o título de um romance do nigeriano Amos Tutuola que nenhum deles havia lido. Clássico absoluto.(2006)

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