TOM WAITS: AUTOBIOGRAFIA EM PEQUENAS PRESTAÇÕES, DITOS DE ESPÍRITO E SABEDORIA (I)
"Na verdade, sou de San Diego. Nasci em Whittier, na California, de onde também é o presidente Nixon. Por sinal, ele ia, às vezes, à nossa igreja. Mas isso foi há muito tempo, ele já passou essa fase...
(...)
"Costumava escrever muitas canções country na KSON, a grande estação de rádio country de San Diego. Mas já não me dizem muito. Tenho um baú cheio delas mas tentei explorar outras direcções. Tocava guitarra mas, ultimamente, tenho-me dedicado mais ao piano. Muitas vezes, escreve-se a pensar noutro artista. De facto, quando escrevi 'San Diego Serenade', estava a pensar no Ray Charles".
1973
"Há ocasiões em que bebo bastante, não jogo bilhar nada mal e a minha ideia de um bocado bem passado é uma noite de terça feira no Manhattan Club de Tijuana. Agora, vivo na zona de Silver Lake, em Los Angeles, e sou um angeleno dedicado sem a mínima vontade de me mudar para uma cabana no Colorado. Gosto do nevoeiro, do trânsito, de pessoas esquisitas, de engarrafamentos, de vizinhos barulhentos, de bares cheios de gente e passo a maior parte do meu tempo no carro, a caminho do cinema".
1974
"Sei o que funciona e o que não funciona puramente por tentativa e erro. As pessoas que gostam de mim estão à espera de uma certa narrativa tipo-estou-me-a-cagar que faço há alguns anos. Tenho consciência do género de personagem que sou em palco. É aquela diferença que existe entre acendermos um cigarro no nosso quarto e fazê-lo em cima de um palco.
(...)
"Apesar de eu ter crescido no Sul da Califórnia, Jack Kerouac impressionou-me imenso. Foi em 1968. Comecei a usar óculos escuros e assinei a 'Downbeat'... já com um certo atraso. Quando Kerouac morreu em 1969, em St. Petersburg, na Florida, era um homem velho e amargo... Interessava-me mais o estilo do que todo o resto. Descobri Gregory Corso, Lawrence Ferlinghetti... o Ginsberg ainda faz umas coisas de vez em quando".
1975
"Tive milhares de automóveis. O primeiro foi aos catorze anos. É uma espécie de tradição americana. Tirar a carta é como o Bar-Mitzvah.
(...)
"Nasci em Los Angeles, de muito tenra idade, no banco de trás de um táxi, no parque de estacionamento do Murphy Hospital, em Whittier, na Califórnia. Desde muito cedo, tive de tomar decisões difíceis. A primeira foi ter de pagar, para aí, um dólar e oitenta e cinco cêntimos que o taxímetro marcava para poder sair. Ainda não usava calças e tinha-me esquecido do dinheiro no outro 'babygrow'. Assim que saí do táxi fui à procura de emprego. O primeiro que encontrei foi numa das enfermarias da maternidade. Acabaram por me despedir o que me desiludiu bastante com o mercado de trabalho.
1976
(2007)
11 July 2007
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5 comments:
«Gosto do nevoeiro, do trânsito, de pessoas esquisitas, de engarrafamentos, de vizinhos barulhentos, de bares cheios de gente e passo a maior parte do meu tempo no carro, a caminho do cinema» LOL!
olá, joão. estou numa fase tom waits, este post vem a calhar para entrar mais na coisa. a fase é por causa do one from the heart, paranóia da marta e minha também. ando a escrever sobre ele... um beijinho! filipa
Já queimei dois maços de cigarros e um quarto de pulmão à espera dos ditos de espírito e sabedoria II, III, etc.
Acalmai vossos pequenos corações inquietos. A coisa segue por ordem cronológica e tem - garantidamente - para vários meses.
filizinha, se é do baú secreto de quotations do waits que eu conheço, então está descansada: os próximos meses vão ser um fartote.
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