26 June 2007




(...) "Para Chris Anderson, o editor da 'Wired', é inevitável que, mais tarde ou mais cedo, os direitos sobre a música desapareçam e dá o exemplo da China onde os artistas não ganham direitos com os seus discos, mas sim com concertos, publicidade e aparições na TV. Segundo ele, os artistas querem ser ouvidos e o actual sistema não é o que mais lhes convém. Para este futurólogo, as editoras convencionais estão condenadas a desaparecer se não souberem adaptar-se aos novos tempos. Quanto aos músicos, viverão sobretudo de concertos e encomendas. Jacques Attali, escritor e político francês, está de acordo: 'No futuro, toda a música será gratuita e a indústria terá de inventar novas formas de ganhar dinheiro'. (...) Os mais optimistas como Dominique Leguern [directora do MIDEM], falam num momento particularmente difícil mas excitante. Stéphane Bourdoiseau, patrão da Wagram, lastima-se: 'O mundo antigo está em ruínas, mas será necessário esperar 15 anos para ver o mundo novo. Entretanto, teremos perecido'". (in À Espera do Futuro, Jorge Lima Alves no "Actual"/Expresso de 27.01.07)


(...)"Quais são as implicações destes novos hábitos de consumo para a indústria musical? Será possível ganhar dinheiro num cenário onde a música tende a ser gratuita? (...) Andrew Jacobs, que dirige nos EUA uma livraria digital (...), suscitou a indignação de alguns colegas ao afirmar: 'espero bem que, daqui a 10 anos já não precisemos dos CD'. Lembrou o fim do LP em favor do CD e opinou que, a novos tempos, correspondem novos hábitos de consumo e uma relação completamente diferente com a música: 'Para quê ocupar a casa com centenas ou milhares de objectos quando podemos ter toda a música do mundo e toda a informação sobre ela com um simples clique?'. Depois, perante os protestos dos editores presentes, desabafou: 'De qualquer modo, quem decidirá são os consumidores'.


Peter Gordon (...) confirmou que o negócio de retalho vai mal: 'Estamos a desintegrar-nos', afirmou com a voz embargada. Para ele, é uma questão geracional: os mais velhos estão apegados aos objectos, querem álbuns inteiros, os mais novos consomem faixa a faixa e contentam-se com o mp3, barato ou mesmo grátis. Michael Sukin, também ele advogado, voltou a provocar uma onda de protestos ao afirmar que não existe nenhuma solução jurídica para o problema: 'Não adianta continuarmos a levar a tribunal adolescentes sem posses por descarregarem música da Net. É a indústria que vai ter de resolver o problema e não os tribunais'". (in Um Mundo de Oportunidades, Jorge Lima Alves no "Actual"/Expresso de 03.02.07)

4 comments:

Anonymous said...

Eu tive o primeiro gira discos em 84. Não havia dinheiro. Terei comprado uns 10 discos de vinil na minha vida. O que ouvia era alguns discos dos meus irmãos e uma pilha de discos que um amigo deles nos emprestou. E havia as k7's...eram crime as k7's?

João Lisboa said...

Eram. Não te recordas de uns stickers colados nas capas dos discos onde se lia "home taping is illegal" ou "home taping is killing music"?

A coisa já vem muito de trás. Só que, agora, se tornou explosiva.

Anonymous said...

Não me recordo de ver isso nos discos...mas tens razão: http://www.flickr.com/photos/wicho/77751382/

Anonymous said...

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