30 September 2025

Pura selvajaria

 
... e este outro colega acha importante declarar que não tem vergonha de ser gay mas, inexplicavelmente, não lhe parece necessário admitir que a homofobia neo-facha é vergonhosa... e que a vigarice da venda de material karambista (incluindo "baralhos de Magia Cigana"!!!) se não é crime, deveria ser

STREET ART, GRAFFITI & ETC (CCCXXXVI)

Lisboa, Portugal, 2025


(2ª e 3ª Berri Blue)

28 September 2025

Poor Creature - "Bury Me Not"

(daqui; álbum All Smiles Tonight, na íntegra, aqui)

27 September 2025

  STREET ART, GRAFFITI & ETC (CCCXXXV)

Lisboa, Portugal, 2025

 



Epá, o gajo baralhou-se, pensava que estava num sítio e estava noutro

Edit (18:29) - ... foi isso, uma grande confusão...

Edit (28/09/2025) - ... devidamente explicada...

26 September 2025

(sequência daqui) Disco 3: É aqui que as canções que conhecemos de Five Leaves Left começam a ganhar forma. Há versões iniciais de "River Man", "Cello Song' e "Fruit Tree", algumas sem os ricos arranjos de cordas de Robert Kirby, outras com afinações diferentes. Até as canções mais conhecidas soam diferentes aqui — menos polidas, mas mais emocionalmente expostas. Testemunhamos a luta entre a visão de Drake e as limitações dos estúdios da época. 

Disco 4: O quarto e último disco é a versão remasterizada do próprio Five Leaves Left. Continua a ser um álbum de estreia notável, repleto de uma beleza melancólica. Canções como "Day Is Done", "Man In A Shed" e "Saturday Sun" não perderam nenhuma da sua força. A própria embalagem é elegante e discreta com aspecto de peça de arquivo, mas que se deixa folhear como um diário antigo, com notas manuscritas e manchas de café. Esta compilação conta uma história sem a explicar demasiado. Em vez disso, convida-nos a aproximar e ouvi-la e a descobrir o génio oculto de um miudo ainda em busca de quem era. Terminaria a jornada em 1974 por suicídio/overdose acidental nunca suficientemente esclarecidos. O produtor de Drake, Joe Boyd, descreveria a gravação de Five Leaves Left como estando repleta de "esperança e possibilidade". O que podemos ainda pressentir hoje encontra-se aqui.

  O PAÍS DOS ZEZÉS (LXXXI)

Direito à diferença

23 September 2025

Claudia Cardinale (1938 - 2025)

"Mickey’s Tune" (Cambridge, Lent Term / 1968)

(sequência daqui) O boxset, consiste, então, de três discos de material previamente não editado, nomeadamente demos, primeiras versões de estúdio e raras gravações caseiras. O álbum original, agora remasterizado, mantém a calor e a intimidade da reedição de 2000; e um livro de capa dura com 60 páginas, inclui fotografias e notas sobre as faixas. Detalhando: 

Disco 1: As primeiras sessões de estúdio, realizadas nos estúdios Sound Techniques, em Londres (e religiosamente preservadas durante meio século, numa cassete à guarda de Beverley Martyn), mostram Nick Drake a dar os primeiros passos na definição da sua sonoridade. Versões de "Time Has Told Me" e "Mayfair" surgem em estado bruto. Há também a belíssima "Strange Face", raras vezes escutada fora dos círculos de colecionadores. A técnica de guitarra de Drake é já delicada e segura, mas a voz soa aqui ainda algo hesitante. 

Disco 2: Este disco recupera uma fita de cassete gravada no quarto de Drake em Cambridge. Um dos pontos altos é "Mickey’s Tune", uma peça inédita que revela um lado surpreendentemente optimista e quase pop de Drake. É possível ouvi-lo a falar brevemente antes e depois de algumas das músicas, o que torna estas gravações inesperadamente íntimas. (segue para aqui)

19 September 2025

Revisões da matéria dada (XLVII)

 (ver aqui)

Uma bela lista de eternos wannabes 
Não, não é gralha, descuido ou desatenção, é marketing político rasteiro e fdp
 
(sequência daqui) Foi pelo final dos anos 80 que a reabilitação da obra de Nick Drake teve início com ponto de partida na retrospectiva de Len Brown no "NME" (1989) que considerava Five Leaves Left"uma obra prima da melancolia britânica". Sucessivamente reinvindicada por inúmeros músicos como fonte de inspiração, este boxset de 4 CD agora publicado - The Making of Five Leaves Left -, leva-nos a mergulhar no mundo criativo inicial de Nick Drake. Oferece uma visão reveladora sobre a forma como o álbum de estreia de Drake de 1969, foi concebido, desde os esboços iniciais e as faixas descartadas até à obra final remasterizada. Descoberto por Ashley Hutchings (Fairport Convention') e contratado pela produtora Witchseason de Joe Boyd, Drake ver-se-ia confinado ao estatuto de "artista folk". Five Leaves Left, gravado com um orçamento mínimo em 1969, contava com a participação de músicos que tinham contribuído para a criação do folk rock. No entanto, o seu era um estilo de folk rock muito diferente, com uma pincelada de jazz. Cantadas em tom semi-sussurrado, as canções eram impulsionadas por aquilo que tinha atraído Boyd para Drake: o estilo de guitarra de afinação aberta, tocado de forma particular. (segue para >aqui)

15 September 2025


MELANCOLIA BRITÂNICA 

Quando, a 3 de Julho de 1969, Five Leaves Left foi publicado, não teve direito a passadeira vermelha nem nada muito próximo disso. Na verdade - sem que sequer a presença dos "Thompson twins" Richard (dos Fairport Convention) e Danny (Pentangle) o pudesse contrariar -, a recepção crítica foi pouco mais do que morna: uma "tonalidade demasiado melancólica e uniforme", uma "atmosfera introspectiva excessivamente obscura e depresiva", e "ausência de dinamismo" foi o que, do "Melody Maker" ao "New Musical Express", ao "Daily Telegraph" e ao "Disc and Music Echo", se opinou, nunca indo além da classificação de "interessante", considerando as canções "incertas e indirectas", e o álbum "melodicamente monótono". Apenas Gordon Coxhill no "NME", admitia que Drake possuía um "considerável talento", mas o disco "carecia de diversidade", e a voz recordava-lhe a de Peter Sarstedt (a "one hit wonder" de "Where Do You Go To My Lovely?" que, em 2007, acabaria por ser ressuscitada por Wes Anderson para os filmes Hotel Chevalier e Darjeeling Limited) mas sem a sedução e profundidade deste. Um pouco mais simpático, porém, do que, parecia ser a opinião corrente na cave do nº 49 da Greek Street londrina onde, de 1964 to 1972, funcionou o clube folk Les Cousins e Drake era "aquele jovem nervoso que punha o público a dormir"... (daqui; segue para aqui)

12 September 2025

Obrigado, Carmen Lúcia! (mais uma vez) 


“O que há de inédito talvez nessa ação penal é que nela pulsa o Brasil que me dói. A presente ação penal é quase um encontro do Brasil com seu passado, com seu presente e com seu futuro. Nossa república tem um melancólico histórico de termos poucos repúblicos. Por isso, a importância de cuidar deste processo no ano em que comemoramos quatro décadas da redemocratização” (Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal, ao dar o voto que formou a maioria pela condenação de Jair Bolsonaro e de generais pela tentativa de golpe)

"Adieu Lovely Erin"

(sequência daquiComo já acontecera antes com vários elementos de diversas bandas, membros dos Landless e Lankum, convergiram para formar os Poor Creature: Ruth Clinton (ex-membro dos Niamh & Ruth e dos Landless) juntou-se a Cormac MacDiarmada dos Lankum, mais tarde - em consequência de desassossegos pandémicos - passando a trio com John Dermody dos The Jimmy Cake (e baterista em concerto dos Lankum). Com All Smiles Tonight, criaram um álbum cuja particular identidade se constrói em torno da tensão entre sonoridades acústicas e contaminações pós-rock e gentilmente psicadélicas, acomodando drones de cordas (viola de arco e violino) e electrónica. Muito em particular, rebuscada na fertilíssima area vintage à qual Ruth Clinton foi ressuscitar uma "keytar" nascida nos 80s, uma Organetta Hohner que ofereceria o esqueleto primordial de duas ou três faixas, um Otamatone japonês e um vetusto Theremin.

08 September 2025

 STREET ART, GRAFFITI & ETC (CCCXXXIV)

Londres, "Court staff cover up Banksy image of judge beating a protester"

Não será bem outro caso Stormy mas tudo o que faça o badalhoco afocinhar é bom
GENTIL PSICADELISMO

Não tem sido devidamente investigado o conjunto de circunstâncias que estarão na raiz do súbito surgimento de uma corrente particularmente experimental de música folk irlandesa. Mas é indiscutível que, com epicentro em Dublin, um universo em permanente expansão - Lankum, Landless, Brìghde Chaimbeul, Radie Peat, ØXN, Ye Vagabonds, Skipper’s Alley, Lisa O'Neill, John Francis Flynn - vem sistematicamente publicando aquilo que, seguramente, no futuro, haverá de ser encarado como uma preciosíssima arca de tesouros. Detectada por Geoff Travis e Jeannette Lee (da Rough Trade) quando se aperceberam da existência de “beautiful and strange traditional music from Britain, Ireland and beyond”, para ela criaram a etiqueta River Lea - "a division of Rough Trade Records" - e reservaram quase em exclusivo os dotes de produção de John "Spud" Murphy, espécie de Martin Hannett tardio das margens do Liffey. (daqui; segue)
 
 Poor Creature - "All Smiles Tonight"

06 September 2025

Gwenno - "Y Gath"

(sequência daqui) "Ao dar um nome a um sentimento, tornamo-lo mais provável de ser sentido, mais tangível. A arte tem o poder de desencadear sentimentos ou combinações de sentimentos que nunca antes experimentámos. Desta forma, uma obra de arte pode tornar-se a 'mãe' de um tipo de sentimento e um lugar onde se pode ir para encontrar e voltar a experimentar esse sentimento. Sentir é o que fazemos antes de transformar as coisas em linguagem, antes de as converter em pensamentos aptos para serem discutidos". Na verdade, mais um exemplo eloquente do uso do espaço e do silêncio como componentes activos na composição, tanto na microscópica joalharia de Luminal como nas 8 versões de "Big Empty Country" que constituem o persistente exercício de expansão de Lateral.

04 September 2025

Erik Satie (1866 – 1925)

(II) 

 
"It is november 1924 and the three men are René Clair, Francis Picabia and Erik Satie. (...) One... two... three - here they are. Side by side with their heads in the clouds, on top of the world or at least the roof of the venerable Théatre des Champs Elysées" (Ian Penman - Erik Satie - Three Piece Suite)
A leitura da Bíblia (apesar das suas imensas qualidades literárias) pode conduzir a crimes de violação

02 September 2025

Tiny, sick & dirty hands

ANTES DA LINGUAGEM

Beatie Wolfe é uma artista conceptual e compositora anglo-americana em busca de novos pontos de vista para a articulação entre diversas formas de expressão artística, em particular, naquilo que se relacione com a música na era digital- Por outras palavras, uma parceira ideal para Brian Eno, detentor de um par de hemisférios cerebrais incapazes do estado de repouso. Após Mark Mothersbaugh (Devo) e Michael Stipe (R.E.M.), seria ele a captura seguinte na teia de Beatie, após um primeiro e não planeado encontro durante uma conferência do SXSW (South by Southwest) 2022, sob a designação "Art and Climate". Daí resultaria um par de novos álbuns - Luminal e Lateral - que, associando-os ao projecto ("Feeling of the Day") que ambos também animam na rádio KCRW. de Los Angeles, descrevem assim: "A música propõe-se fazer-nos sentir emoções. Algumas dessas emoções são familiares, enquanto outras podem não ser, ou ser uma mistura complexa de várias emoções diferentes. Existem muitas palavras bonitas para descrever esses sentimentos noutras línguas e culturas — palavras que não existem em inglês". (daqui; segue para aqui)

01 September 2025

... e tenham muito cuidadinho porque, para além das brisas mediterrânicas, aquilo lá em Gaza está cheio de rapaziada muito pouco impregnada de espírito hippie...