The Ukrainians - "Звідки Bи?"/"Zvidky Vy?"/"Where Are You From?"

27 February 2022

The Ukrainians - The Ukrainians

"Oi Divchino" (álbum integral aqui)
Anonymous Hacks Russian TV channels 
with Ukrainian songs and flags

25 February 2022

Air raid sirens over Kiev

"The Forest"
 
(sequência daqui) À “Harvard Gazette” tentou justificar-se: “Tenho a certeza que o comité Norton, de Harvard, cometeu um erro enorme quando me convidou. Deve ter sido apenas o meu sentido do absurdo que me levou a aceitar”. Terá sido isso mas também o sonho muito antigo de ter um programa de rádio de horário noturno, “àquela hora em que os ouvintes estão já meio adormecidos ou a tentar adormecer de novo, quando a realidade e os sonhos se confundem e é difícil descobrir-lhes as diferenças”. O convite tivera lugar antes do início da pandemia mas, no momento em que se concretizou, seria inevitável que se realizasse por videoconferências Zoom organizadas em 6 episódios temáticos de cerca de hora e meia cada – “The River”, “The Forest”, “Rocks”, “The Road”, “The City” e “Birds” – submetidos ao título genérico “Spending the War Without You: Virtual Backgrounds”, enfim disponíveis, na totalidade, através do YouTube.
 
"Rocks"
 
Insistentemente ritmados por interrogações que, sobre um fundo de interlúdios musicais ambientais, apontamentos e comentários de violino, piano e electrónica, se repetem e desdobram (“What war is this?”, “What time is it?”, “Why do anything?”, “How do you know what’s good?”, “What did you come here for?”, “What do you want?”), extractos, fragmentos, deixas de toda a obra anterior, actuam como gatilho e trampolim para tudo o que nestas cerca de 9 horas se vai descobrindo, um pouco ao acaso, segundo o consagrado modus operandi de Anderson que ela designa como “histórias de cão vadio”: “Vão por aqui, por acolá, viram uma esquina, dão quinze voltas ao quarteirão antes de voltarem ao presumível tema. Laurence Sterne foi o mestre desse tipo de escrita. Pode soar pretensioso mas, com todos esses 'jump cuts', procuro reproduzir a forma como penso. Não se trata de realismo ou de tentar simular o funcionamento do cérebro. A divagação é o meu método, lançando a rede, adiando um pouco mais o final, tentando viver, sem limites, no presente. Desconfio muito do modo como as histórias habitualmente funcionam, como se a estrutura as obrigasse a um final determinado. E a maioria das coisas não o tem... Muita gente também imagina que a vida tem de ser assim, com princípio, meio e fim. ”. (segue para aqui)
... mas, atenção! Há que não despejar o lixo tóxico a céu aberto...

22 February 2022

Nikita e Ialta, Crimeia, Ucrânia: em 2005, eram assim (ver também aqui)

21 February 2022

AFINAL, O QUE É UMA HISTÓRIA?
 
Laurie Anderson parece já ter feito tudo mas tem sempre alguma coisa por fazer. Após mais de uma dezena de álbuns (e o dobro disso em colaborações com outros artistas – William Burroughs, John Giorno, Peter Gabriel, Lou Reed, Marisa Monte, John Zorn, Kronos Quartet...) e outros tantos filmes, videos e "audiobooks", a criação de espectáculos de música/"spoken word"/"performance art" e exposições, a participação enquanto curadora (e em inúmeros júris) de festivais de cinema, e a criação de instrumentos (o "tape-bow violin" e o "talking stick"), em 2003, aceitou ser a primeira (e, até agora, única) artista residente da NASA, de que resultaria o espectáculo The End Of The Moon: “À superfície, é o meu relatório sobre o período que lá passei. As actividades que mais me interessaram lidavam com grandes extensões temporais, podem levar até 10 000 anos a serem concluídas. Há a tendência para se pensar em intervalos de tempo muito curtos ou para se considerar apenas o futuro e esquecer o imenso passado que temos para trás. Interessaram-me as formas muito diversas como ali o tempo é abordado”, explicou-nos, na altura. Quase duas décadas depois, o Charles Eliot Norton Professorship of Poetry da Universidade de Harvard, convidou-a a ser a responsável de 2021 pelas Norton Lectures, uma iniciativa anual sobre “poesia no sentido mais amplo”, na qual ela iria acrescentar o nome a tão ilustres antecessores como T. S. Eliot, Robert Frost, Igor Stravinsky, Jorge Luis Borges, Leonard Bernstein, Umberto Eco, Luciano Berio ou Agnés Varda. (segue para aqui)

20 February 2022

18 February 2022

Kiev, Ucrânia: em 2005, era assim

 
* Partido social-fascista dirigido pelo selvagem Gennady Zyuganov, animador da nova Internacional, o "International Meeting of Communist and Workers' Parties", no qual os social-fachos indígenas participam regularmente e que, em 2013, teve lugar em Lisboa
Do outro mundo (onde, obviamente, também já estamos mas não tínhamos reparado), uma voz tonitruante interroga-nos: "Como foi possível deixar destruir toda a Humanidade?"
Seria apenas o justíssimo culminar de uma gloriosa carreira (mas, para ser mesmo em bom, era de incluir também o Santana Lopes, a Cristas, o Mendes Bota - que asseguraria igualmente a banda sonora - e outros ilustres reformados)

"Não tenho bem a certeza mas dir-se-ia que é... um banco de jardim... não é?" 


Não, caraças!... 
é um S Í M B O L O!... 
 
(via DT)

 
(sequência daqui) Entende-se melhor olhando os videos que realizou para três das canções de Metal Bird, o terceiro álbum após os ainda insuficientemente definidos In Hell (2017) e Candy Colored Doom (2019): todos a preto e branco, "Butterflies" é puro David Lynch, com Eve despreocupadamente perseguindo e fotografando borboletas pelo campo enquanto, à distância, “the grim reaper” espia; "La Ronde" captura um sonho de luzes e movimento sob a grande roda de um parque de diversões; e "Prisoner" coreografa uma claustrofobia sonâmbula observada do lado de fora da vigia de um avião. Com Bryce Cloghesy/Military Genius no papel de Angelo Badalamenti, algures entre Hope Sandoval e Julee Cruise, desde a primeira faixa Eve Adams mostra o lugar mental que habita: “Time it comes running at your heels in the dark, chasing your memory like a dog with no bark, memories of mowing lawns and pink masquerades, ruby red slippers and the song that’s the same”.

15 February 2022

Que país é este que não se ergue numa oceânica onda de solidariedade para com um pobríssimo idoso desvalido?
A somar a esta, esta e esta, mais 
uma outra pedrinha num caminho muito lindo
Lisa Hannigan & Crash Ensemble - "MCMXIV"

O ANO DO TIGRE (CLXI)

Japanese engraving showing a woman cutting the hem of her kimono so as not to wake a sleeping cat

14 February 2022

The Watersons - "Adieu Adieu"

(de For Pence and Spicy Ale - álbum integral aqui)

COMO UM CÃO QUE NÃO LADRA

“Escrevi a minha primeira canção quando andava por volta dos 12 anos. Chamava-se ‘I’ve Seen It All’ e ainda hoje me parece cómico ter sido tão incrivelmente triste. Não faço a mais pequena ideia de onde surgiu. Até aquela altura não tinha vivido nenhuma experiência traumática, tive uma infância óptima. Mas, mesmo nessa idade, as trevas já me fascinavam”, contou Eve Adams à “Uncut” numa entrevista em que a sua música era descrita como “baladas fatalistas de folk-noir” que “habitam uma zona crepuscular de ruinas românticas e devaneio melancólico onde o amor é tortuoso e volátil e a morte espreita sempre por entre as sombras”. Inspirações voluntariamente confessadas: a Concha Perez/Marlene Dietrich em The Devil Is A Woman (1935) e a Dorothy Vallens/Isabella Rossellini de Blue Velvet (1986). “Muitas vezes sinto como se não pertencesse verdadeiramente a esta era. Creio que muita gente sente também o mesmo. São tempos difíceis”. (segue para aqui)

Vanishing Twin - Ookii Gekkou

(daqui; álbum integral aqui)

13 February 2022

12 February 2022

Um clássico: polícia mau 
e polícia bom (quer dizer, "menos mau")

Não parece nada mas é o polícia "menos mau"
Laurie Anderson - O Tempo e o Modo
(real. Graça Castanheira, 2012)

(clicar em "Watch on Vimeo")
Brigid Mae Power & Adrian Crowley - "Halfway To Andalucia"
 
(sequência daqui) Imediatamente antes de o despovoamento das salas se ter tornado a desgraçada norma pandémica mas, pelo atraso na publicação, agora em perfeita coincidência com o ar do tempo. In The Echo: Field Recordings From Earlsfort Terrace é, então, o lugar onde (após a aparição na mais aterradora sequência de The Proposition, de John Hillcoat, 2005) "Peggy Gordon" retorna na voz de Lisa O’Neill e no violino de Colm Mac Con Iomaire, "Empire One", em diálogo entre voz, clarinete baixo e piano, conduz Katie Kim e Seán Mac Erlaine a invocar os This Mortal Coil, "MCMXIV" força Lisa Hannigan e o Crash Ensemble a debaterem-se com os limites da linguagem, e Brigid Mae Power e Adrian Crowley, em "Halfway To Andalucia", deslizam sobre uma folk translúcida e assombrada.

10 February 2022

Facas, arcos e flechas???... Oriundo de Fátima???!!!... Na zona de influência da Vaticano S.A., nem um terrorista tecnologicamente um bocadinho acima de Apache se arranja?
 
 
Edit (11/02/2022) - ... porém...

A mui oportuna intervenção estética de um vigilante compreensivelmente entediado com o primeiro dia de trabalho na obra de uma Artista Homenageada da República Socialista Federativa Soviética da Rússia,  com uma esferográfica do Centro Presidencial Boris Yeltsin de Yekaterinburg onde o quadro se encontrava em exibição, não é um gesto (mais do que) duchampiano que merece ser saudado?

Anna Leporskaya - Três Figuras (1932/1934), após a intervenção

09 February 2022

Katie Kim & Seán Mac Erlaine - "Empire One" ·

Após uma temporada de perdição pelos maus caminhos do feicecoiso, Leopardo regressa às origens!

Tal como previsto
vai tudo no bom caminho
 
Edit (15:55) - ... e ainda só está a começar...
Joris Ivens - De Brug  
(The Bridge, 1928)

MÚSICOS E ARQUITECTURA
 

O National Concert Hall de Dublin é um edifício de 1865, situado em Earlsfort Terrace, e intimamente ligado à história da luta pela independência da Irlanda. Entre 2014 e 2016, Ross Turner – baterista e multi-instrumentista com currículo ao lado de Lisa Hannigan, Joe Henry, Ships,  I Am The Cosmos e Villagers – foi músico residente da venerável instituição e foi nessa qualidade que, por ocasião do 150º aniversário do Concert Hall, se entregou à missão de desafiar músicos de diferentes áreas a explorar os vários espaços do edifício (excepto o palco) para criar novos objectos sonoros. Como diria à RTÉ, “Um dos meus elementos favoritos daquelas instalações é a forma como soam, a combinação das amplas salas de mármore com as divisões de chão de madeira e as escadarias de pedra. Ter escutado ali, anteriormente, coros, orquestras e solistas foi o que me inspirou a tentar capturar a simbiose entre os músicos e a arquitectura, uma antítese do típico ambiente controlado de um estúdio. A intenção era extrair tanto quanto possível do potencial sonoro do edifício, preservar a autenticidade naquele processo de expressão, descoberta e exploração”. E sem público. (segue para aqui)

Lisa O'Neill & Colm Mac Con Iomaire - "Peggy Gordon"

07 February 2022

Sim, sim, como a ciência demonstra, coisa inteiramente diferente do que seria, caso se tratasse de um alentejano, de um beirão, de um algarvio ou de um ribatejano (um lisboeta, então, nem se fala...)

  "Há aqui uma coisa que, para um transmontano, é verdadeiramente importante, demorasse o tempo que demorasse. É a sua palavra honrada"

06 February 2022

Stick In The Wheel - "Wierds Broke It"

Retomando um velho refrão ("O Diabo, sem a menor dúvida, existe, existe e existe!") particularmente acarinhado, o Capelão Magistral, enfim livre das grilhetas do vil metal, não se cansa de o repetir - de modo insuperavelmente cómico! - até que a voz lhe doa!

"Long The Day"
 
(sequência daqui) Se, há seis anos, a propósito do álbum de estreia, From Here, era inteiramente legítimo descrever a sua música como “crua, abrasiva, ‘no nonsense’, proletária e encardida, com a alma dos Watersons e faca punk na liga”, Hold Fast (2020), “rude e sofisticado, electrónico e artesanal”, assinalava o instante em que “a raiz tradicional, a História, a literatura popular e o remoínho da(s) folk(s) se embrenham na modernidade e renascem mais uma vez”. A ascensão que aí se iniciava conclui-se agora, algures entre os milhares de anéis de Saturno e um qualquer exoplaneta onde se desfibra a memória das origens, a pura abstracção sonora é rasgada por interferências – pulsações oriundas do "Tottenham Hale Monolith", vozes "auto-tuned" tropeçando em estlhaços de Sonic Youth, ficheiros midi de 1600 vaporizados em jogos de vídeo – e o exacto ponto onde tudo começou ficou para sempre perdido. Sem regresso possível.

03 February 2022

E, muito naturalmente, após o grande Tony Carreira, a enorme Vasconcelos, impante Chevalière e orgulho da lusa pátria! 
 

02 February 2022


Johannes Adam Simon Oertel - Pulling Down the Statue of King George III, 1852–53
Stick In The Wheel - "Budg & Snudg" (feat. John Kirkpatrick)

01 February 2022

(enfim de regresso ao) ANO DO TIGRE (CLX)

ENTRE OS ANÉIS DE SATURNO


Deveremos estar eternamente gratos a Leo Allatius, erudito, teólogo e bibliotecário do Vaticano do século XVII, não apenas por ter sido pioneiro na investigação do trepidante tema dos vampiros como, em particular, por haver, finalmente, esclarecido a dilacerante interrogação que atravessou os séculos: tendo Jesus ascendido fisicamente aos céus após a ressurreição, o que teria acontecido ao santíssimo prepúcio, circuncidado no seu 8º dia de vida de acordo com a tradição judaica,? Em De Praeputio Domini Nostri Jesu Christi Diatriba, Allatius tudo desvendaria: tal como o seu legítimo proprietário, também o divino prepúcio se elevara no firmamento, constituindo, a partir daí, aquilo que conhecemos como os anéis de Saturno. Curiosamente, escutando Tonebeds For Poetry, é muito tentador imaginar que algo bastante semelhante poderá ter acontecido a Nicola Kearey e Ian Carter, o duo britânico que dá pelo nome de Stick In The Wheel. (segue para aqui)

Devidamente honrado um tristíssimo óbito parlamentar, assinale-se agora outro, evocando, com apropriada gravitas, a sua mui ilustre origem social-fascista