11 May 2024

 
(sequência daqui) Inabitualmente longas, estilisticamente diversas, alojando no mesmo espaço várias secções contrastantes - da improvisação livre à arquitectura rigidamente estruturada ou ao canto gregoriano em processo de deliquescência harmónica -, será que ainda é legítimo continuar a chamar-lhes canções? Julia Holter não tem tantas dúvidas: "Não sei como poderia definir o que é ou não uma canção, não tenho exactamente uma definição pronta a usar. Satisfaz-me completamente chamar-lhes canções, tenham elas a configuração que tiverem. Não penso que seja necessário inventar outras designações para elas. O que é uma canção? Uma melodia cantada por uma voz?..." Contudo, abordando a questão por outro ângulo - a sua vida paralela de professora de composição -, outras pistas poderão surgir. O que lhe parecerá mais importante abordar quando tem uma turma à frente? Pegar em questões mais práticas ou levar os alunos a reflectir sobre assuntos como, por exemplo... o que é uma canção? Primeira reacção: "Esse poderia, sem dúvida, ser um bom topico... Deixou-me muito curiosa acerca do que poderíamos considerar o que é e não é uma canção... Diga-me lá, então: o que é, para si, uma canção?" (risos) Reduzindo o assunto ao osso, procuro a definição mais convencional de uma canção ser uma forma musical relativamente curta (embora de duração variável), com uma parte A, uma parte B, um refrão e uma ponte. E observo que, no caso dela, poderá ser uma imensa combinação dos mais diversos elementos... melódicos, ruidosos, estruturados, completamente livres... (segue para aqui)

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