Laetitia Sadier - Silencio
Há uma ou duas ideias feitas acerca da
coisa pop que se, aqui e ali, terão algum sentido, transformadas em “tábuas da
lei”, só podem conduzir ao disparate (uma tendência inerente às “tábuas da lei”,
aliás). A opção pelo “acústico” – por oposição ao “eléctrico” – como revelador
da “essência” última de uma canção, é uma delas. Outra gira em torno do
“artista finalmente emancipado na sua transbordante criatividade da banda que
lhe tolhia a liberdade de movimentos” (ok, no caso Björk/Sugarcubes, não poderia ter sido mais
verdade). A Laetitia Sadier, pós-Stereolab, aplicar-se-iam ambas: Silencio,
não repudiando integralmente o recorte "space age bachelor pad music" (o peculiar cocktail de Young
Marble Giants, "easy listening", pais fundadores da electrónica, Bacharach e "motorik" germânica), investe claramente no
nicho da canção de raiz acústica e apenas decorativamente “krautificada” (e,
acessoriamente, “tropicalizada”); em roda livre, embora ainda acompanhada por
Tim Gane, não pode afirmar-se que Sadier tenha sido capaz de voar muitos pés
acima da banda.
Claro que a uma parisiense nascida em Maio de 68 não deve pedir-se que desista de cantar “The ruling class neglects again responsability, overindulged children drawn to cruel games, pointless pleasures, impulsive reflexes, a group of assassins” pelo meio de coros lânguidos. Mas se os Stereolab já tinham devidamente homenageado John Cage em "John Cage Bubblegum" com o melhor texto minimal possível (“C'est le plus beau, et c'est le plus triste, c'est le plus beau paysage du monde”), mesmo tendo-se comemorado há dias 60 anos sobre a estreia de 4’33”, eram dispensáveis os 4’29” de “Invitation Au Silence” em louvor do silêncio das igrejas que nos faz descobrir “as profundas dimensões do eu”.
Claro que a uma parisiense nascida em Maio de 68 não deve pedir-se que desista de cantar “The ruling class neglects again responsability, overindulged children drawn to cruel games, pointless pleasures, impulsive reflexes, a group of assassins” pelo meio de coros lânguidos. Mas se os Stereolab já tinham devidamente homenageado John Cage em "John Cage Bubblegum" com o melhor texto minimal possível (“C'est le plus beau, et c'est le plus triste, c'est le plus beau paysage du monde”), mesmo tendo-se comemorado há dias 60 anos sobre a estreia de 4’33”, eram dispensáveis os 4’29” de “Invitation Au Silence” em louvor do silêncio das igrejas que nos faz descobrir “as profundas dimensões do eu”.
Quelle est boring mon dieu! eis algo mais animado para jovens com espírito que falem francês e toquem piano:
ReplyDeletehttp://www.youtube.com/watch?v=KMF9FIIRZlc
Perante a, permita-se, "despida" música que é revelada poderia autorizar-se a alteração para Laetitia Casta.
ReplyDelete"http://www.youtube.com/watch?v=KMF9FIIRZlc"
ReplyDeleteTout a fait boring (aussi).
"alteração para Laetitia Casta"
Essas coisas enganam muito...