29 October 2017

É um querido (II)
(ou a propósito da "credibilidade do Ensino Superior" worldwide)



"Manuel Pinho: É evidente que os gajos vão gostar imenso de estar consigo e, quanto mais à-vontade e mais aberto, isso é melhor. E depois vai ser você nos anos subsequentes, quer vir cá [Universidade de Columbia] um mês ou dois ou qualquer coisa, e arranja a coisa tranquilamente, não é? 
José Sócrates: ’Tá bem.
MP: E até, se quiser se eternizar num desses [imperceptível], eu até lhe digo qual é a técnica, pá, não é? E, e você pode fazer isso de caras […].
JS: Sim?
MP: Sabe […], arranja um tema qualquer sobre o Brasil, que o Brasil ache interessante que se estude, pá, relações com a China, sustentabilidade e pá, meta um coisa, relações como o Chile, uma merda qualquer, e depois diz ao Lula, 'vocês que têm milhões de bolsas, patrocínios e essa coisa toda, façam, eh pá, suportem financeiramente um estudo sobre qualquer coisa' […].
JS: Uh, uh… 
MP: … que seja falsa, pá. Bem eles, então, aí ficam satisfeitíssimos, porquê? Porque, ’tá a ver, isto aqui não tem mistério, isso são coisinhas que precisam de conhecimentos, de verbas para investigação e essa coisa toda, e depois, o talento deles é que conseguem pôr muita gente a puxar para o mesmo lado da carroça, pá, pronto. Portanto, vão gostar imenso, você vai adorar isto. 
JS: Uh, uh. [...]
MP: E eu até vou tratar disso directamente com a reitora, nem vou tratar lá com os outros mixurucas...
JS: Sim, sim.
MP: ... essa coisa toda, depois vamos fazer uma coisa que passa por cima disso, não é?
JS: Sim, sim [...] Pois. Ó pá, agora veja lá essa história do Domingos [Farinho], tá bem? Depois diga-me qualquer coisa"

(daqui)

2 comments:

Andre said...

https://www.latimes.com/california/story/2020-07-16/qatar-prince-usc-ucla-la?_amp=true

E sei de casos suficientes para deduzir que é um grande negócio envolvendo universidades de enorme prestígio. Conheço um doutorado pela London School of Economics que mal sabe utilizar uma folha de cálculo. Mas o pai é ministro. Isto é mato no Médio Oriente, com filhos de sobas africanos, etc.

João Lisboa said...

As "universidades de enorme prestígio" já viram bem melhores dias.