31 May 2014

... pior, muito pior...

Amiri Baraka/LeRoi Jones (c/ Sonny Murray, Albert Ayler, Don Cherry e Henry Grimes) - "Black Art"
 


We want “poems that kill”.
Assassin poems, poems that shoot guns. 
Poems that wrestle cops into alleys 
and take their weapons leaving them dead 
with tongues pulled out and sent to Ireland.
Enquanto o marido da poetisa Silva, na China, discreteava sobre as 55 concubinas e a moral político/sexual bimbamente freudiana (sim, é uma redundância)... as "forces at work" faziam o trabalhinho sujo

("Expresso")

30 May 2014

Nem 100 pós-docs em Direito Constitucional conseguirão alguma vez demonstrar-me que extorsões declaradamente inconstitucionais possam ser consideradas legítimas até hoje mas, a partir de agora, já não, em nome "do interesse público" que a desgraçadamente estuprada Constituição deveria defender

When the going gets tough, the "tough"... get lost

EMBOSCADAS


Quando, em 2011, Merrill Garbus/tUnE-yArDs publicou o literalmente assombroso whokill, prevendo a proverbial metralha acusatória de “saque cultural” a propósito da sua apropriação de padrões rítmicos africanos, cuidou de, à laia de "preemptive strike", interrogar-se publicamente “Que vou eu fazer com isto? Devo pedir autorização? Se tenho medo de pedir autorização, quererá isso dizer que não o deveria fazer? E, se não há ninguém a quem pedi-la, significa que não há problema?” Indo mesmo um pouco mais longe, arriscou o registo provocatório e declarou: “Não me importa se estou a ofender alguém. Não são essas pessoas que me preocupam mas sim aquilo que lhes posso dizer. Até gosto que me acusem de pilhar a música africana se isso me permitir iniciar uma discussão sobre o assunto”. Claro que – para não recuar demasiado no tempo – um século depois de Debussy se ter deixado seduzir pelos gamelãs do Bali, outro tanto de história do jazz (do qual, por sua vez, alguma música erudita se alimentaria), rock’n’roll, samba, reggae, folk-rock e um imenso etc. à volta, é o género de debate que só almas pacientes como Garbus, Paul Simon, David Byrne, Peter Gabriel ou os Vampire Weekend ainda estão dispostas a travar. 



Mas o que Merrill menos esperaria é que Chuck Klosterman (suposta luminária da crítica cultural norte-americana), agoniadíssimo porque o “Village Voice” elegera whokill álbum do ano, decidiu decretá-lo como uma daquelas obras que, com a passagem do tempo, cobrirá de vergonha todos os que, então, o louvaram. Exemplos desse tipo de embaraço, evidentemente, abundam. Mas dificilmente se poderia errar mais o alvo escolhendo whokill – objecto absolutamente singular – para o demonstrar. O que, agora, Nikki Nack deixa ainda mais transparentemente claro: engenhosamente concebido como um roteiro de emboscadas sonoras face ao qual é perigoso abrandar a vigilância, Garbus pula vertiginosamente de um Haiti taquicárdico para uma variação sobre a “Modesta Proposta”, de Swift, tal como Laurie Anderson a poderia redesenhar, inventa o formato da canção-que-muda-de-ideias-a-meio-caminho, desacerta, gloriosamente, formas e conteúdos, e, alçada no baixo elasticamente poderoso de Nate Brenner, incita-nos com o grito de guerra “I come from the land of slaves! Let’s go redskins! Let’s go braves!” 

29 May 2014

Exacto: suinicultura


... e há também quem pratique a acumulação de funções


Se fosse necessário um motivo indiscutivelmente bom para posar para a "Playboy", "ridicularizar Jean-Marie Le Pen" (e descendência) * seria, sem dúvida, um dos melhores


* apenas porque as repugnantes criaturas são suficientemente imbecis para suporem que isso as ridiculariza
(daqui)
"A política é como o piano e a prostituição: é preciso começar de muito novo, caso contrário não se chega a nada" (Remy de Gourmont)
 

28 May 2014

Se virmos bem, apesar de "Tó vs Tó" ser uma série de enorme sucesso e "Tweedledee e Tweedledum" ter sido um miserável flop, os argumentos de uma e de outra até são bastante semelhantes
 
THIS COULD BE THE LAST TIME 



Antes de tudo o que, a seguir, virá: nunca esquecer que, quando, em 1961, Mick Jagger e Keith Richards se mudaram de Dartford para Chelsea, em Londres, e aí conheceram Brian Jones, este e Richards começaram imediatamente a planear a formação de uma banda de rhythm’n’blues mas Jagger, pondo a render os seus sete O-levels e três A-levels, tratou de inscrever-se na London School Of Economics que frequentaria até 1963. Sublinhar “Economics”. Louvem-se, então, os benefícios que uma boa educação universitária pode proporcionar, constatando como, na lista das 20 mais lucrativas tournées de sempre, os Stones inscrevem quatro presenças: “A Bigger Bang Tour” (558 milhões de dólares, 2005 / 2007, em 2º lugar – apenas atrás do “U2 360º Tour” –, e a maior digressão norte-americana alguma vez realizada); “Voodoo Lounge Tour” (320 milhões, 1994 / 1995, 10º lugar); “Licks Tour” (311 milhões, 2002 /2003, 11º lugar); e “Bridges To Babylon Tour” (274 milhões, 1997 / 1998, 14º lugar). Destacadamente à frente de Bruce Springsteen, Madonna e U2 que se quedam, cada um, com duas entradas. 


Insistindo nos números astronómicos – vendas de discos, assistências record, dimensões de palco, parafernália de adereços e maquinaria, consumo de fármacos capaz de abastecer um hospital de grande dimensão –, poderia continuar a traçar-se uma biografia estatística paralela dos Rolling Stones. Porém, ficando só por aqui, deverá ser bastante para justificar por que motivos se tornou inevitável ouvir chamar-lhes “a maior banda de rock’n’roll de todos tempos”: aqueles que, em início de carreira, eram publicamente apresentados na qualidade de “pervertidos, ofensivos, violentos, repulsivos, feios, sem gosto, incoerentes, e isso é o que têm de bom” e sobre quem se lançava a insidiosa maldição “deixaria, alguma vez, a sua filha casar com um Rolling Stone?...”, terão excedido gostosa e largamente os traços negativos desse perfil mas isso não os impediu de se transformarem no género de gestores de negócios que poderiam dar "masterclasses" a quem se ocupa de maximizar lucros (não fazendo grande questão de reduzir despesas).



Razão adicional para vir a constituir-se em "case study", é o facto de a administração bicéfala da empresa – Jagger/Richards – atribuir pouca ou nenhuma importância ao chamado “bom ambiente de trabalho”. Sim, é verdade que tudo começou como vem descrito nos contos de fadas pop (a história dos dois miúdos ex-colegas da primária que se reencontram, anos mais tarde, já adolescentes, numa estação de comboios, com álbuns de Chuck Berry e Muddy Waters debaixo do braço), mas também será útil saber que, desde há cerca de quarenta anos, as relações entre ambos azedaram seriamente e, pelo menos, há vinte, nenhum ousa entrar no camarim do outro. Um dos pontos de não retorno aconteceu a meio da década de 80: Mick Jagger regista o primeiro álbum a solo (She’s The Boss, 1985) enquanto, em Paris, com sessões de gravação cuidadosamente planificadas para que nunca ambos se cruzassem, Keith Richards se ocupa praticamente sozinho do que viria a ser Dirty Work (1986). Sentindo-se traído, chega a colocar a hipótese de convidar Roger Daltrey, dos Who, para substituir Jagger. A usurpação da coroa não teria lugar mas, de entre as 27 canções que Richards leva para estúdio, várias (nenhuma seria publicada) ostentam títulos como “Fight”, “Had It With You” e “Knock Your Teeth Out”.



O pior de tudo: nada disto são intrigas de jornalismo de sarjeta, foi o próprio Keith Richards que o revelou na autobiografia Life, publicada há quatro anos (meses antes, recusara-se a aparecer no festival de Cannes por ocasião da apresentação de Stones In Exile – um documentário de Stephen Kijak sobre a gravação de Exile On Main St. – por entender que este prestava desproporcionada atenção a Jagger), espécie de ajuste de contas com o passado, na qual tece considerações acerca do insuficiente calibre de determinadas zonas anatómicas de Mick Jagger (a quem tratava, amavelmente, por “Brenda”, “Miss Jagger”, “Queen Mother” e “Her Ladyship”), revela detalhes sobre a variabilíssima geometria do quadrilátero formado por ambos, Marianne Faithfull e Anita Pallenberg, e desabafa, confessando que “viver com Jagger era como ser obrigado a cuidar de um periquito irritante”.


Não surpreende, assim, que a digressão “50 & Counting...“, de 2012 / 2013 (87.7 milhões, 18 concertos), destinada a comemorar o 50º aniversário da banda, tenha sido menos uma amistosa confraternização de antigos combatentes do que o resultado de uma frenética coreografia de reuniões entre advogados e managers assoberbados com uma missão de complexidade equiparável à de uma cimeira política no Médio Oriente. O que, naturalmente, coloca também um gigantesco ponto de interrogação sobre o seu prolongamento deste ano (a denominada “14 On Fire”, iniciada a 21 de Fevereiro em Abu Dhabi e com final previsto para 22 de Novembro, em Auckland, na Nova Zelândia): será esta a última vez que os Rolling Stones pisarão um palco?



Nada menos provável. Ao contrário de algumas pérfidas más-línguas que qualificam os actuais concertos dos Rolling Stones como “a noite dos mortos-vivos”, a capacidade para activar a velha máquina mantêm-se intacta e a empresa não perdeu o apetite pelo lucro. Mick Jagger afirma que já só pensa em “sequências de 20 concertos de cada vez” e sabe melhor do que ninguém que, embora a banda, desde há muito, tenha desistido da ambição de publicar música nova à altura dos seus clássicos, por esta altura – mesmo para grupos da dimensão dos Stones –, o pote de ouro já não se encontra no topo das tabelas de vendas. Muito mais valioso é ter sempre à mão um reportório pronto-a-usar, um stock de imagens, memórias, tiques e reflexos condicionados que, com um estalar de dedos, por maior uso que já lhe tenha sido dado, continua a produzir efeito e a encher estádios e arenas. E deixar pairar a dúvida acerca de quando chegará o fim – e a certeza de que ele, irremediavelmente, chegará não é o menor dos trunfos – será, paradoxalmente, o melhor seguro de vida: haverá sempre uma interminável multidão ávida de poder contar que “estava lá” no dia em que, depois de Elvis, depois dos Beatles, Hendrix e Cobain, real ou metaforicamente, uma vez mais, “the music died”.



Até porque a outra omnipresente estatística que nos informa encontrarem-se já todos para lá da fasquia dos 70 anos (à excepção do garoto Ronnie Wood, à beira dos 67) ainda não parece demasiado próximo de vir a ser, verdadeiramente, um obstáculo. Em Setembro passado, no “Financial Times”, Gillian Tett (editora adjunta e analista financeira, uma miudinha de 47 anos), lançando o anzol para outros mares, tomava-os como pretexto, a propósito de um concerto da tournée “50 & Counting...“ a que assistira. Após babar-se perante “o extraordinário atleticismo e magnetismo sexual” do “sobrenatural Jagger, de jeans pretos justos”, Tett interrogava-se: “Ter à frente um grupo de homens nas sétima e oitava décadas de vida, com uma média de idades aparentemente mais elevada do que a dos juízes do Supremo Tribunal norte-americano (...) e, nos EUA e na Europa, tecnicamente, na idade da reforma, a abanar o rabo e rockando furiosamente, dá que pensar: se ‘pensionistas’ são capazes de dançar assim tão freneticamente em palco, durante horas, não será altura para repensar todo o conceito de reforma?” E, vendo bem, se nos recordarmos que eles se forjaram no molde dos velhos bluesmen, basta pormos os olhos em John Lee Hooker que tocou até aos 83, em B.B. King que está a um passo dos 90 mas ainda não levantou os dedos das seis cordas da inseparável Lucille ou em Chuck Berry que, aos 88, continua por aí...

27 May 2014

Tal como antes se anunciara, eis o XV capítulo (1º da 2ª temporada) da premiadíssima série "Tó vs Tó"

Tó, méne... tem de ser... és bué da frouxo... Seca, méne, Tó... tás cuma moca do camano... Pá, mica uma cena... Ouve, Tó, nem te passes... népia dessa cena...
... mas enriquecida com vários convidados especiais

("DN")

24 May 2014


VINTAGE (CCXIII)

Jefferson Airplane - "We Can Be Together"/"Volunteers"


"(...) Segundo a grande imprensa e as televisões, Portugal tem vivido com todo o conforto intelectual da receita para tempos normais: do Benfica, de Ronaldo, do crime e das catástrofes naturais. Bastou o Benfica para nos trazer semanas num incomparável balanço de entusiasmo e de angústia. O campeonato foi uma espécie de acto divino contra a inaturável arrogância do domínio alheio. A Taça da Liga foi uma satisfação merecida. Turim, desgraçadamente, um desespero. E a Taça de Portugal, que fechou um 'triplo' nunca visto, desceu até ao fundo do coração. 

Melhor do que isso, cada português pôde viver esta epopeia em pormenor: os jogos, que nos animaram e apoquentaram; os prognósticos délficos dos sócios; os comentários (muito variados do treinador e dos jogadores do dia); as sessões triunfais no Marquês de Pombal e em vilas num canto obscuro da província. Esta força, esta glória, que desabaram vicariamente sobre nós consolam muito. E também a análise douta dos peritos, que revela o que nós não conseguimos ver e nos descobre de repente a cintilante beleza de um movimento táctico. O Benfica, confessemos, subiu à vertiginosa altura de Portugal. Só a lesão muscular de Ronaldo, que não passa de vez, verdadeiramente nos preocupa. Ele precisa ainda de ganhar a Champions e o Campeonato do Mundo para nos curar e redimir (...)" (VPV)

23 May 2014

Ainda se o ex-secretário de Estado coelhista a quisesse dedicar a Stª Liberata...

... mas, Rita por Rita, esta (ainda mais chanfrada do que a outra) tinha muito mais pinta...
"Se eu quisesse, descia. Se não desço, é porque não quero. Mas até podia descer (embora goste pouco de acompanhar gente que depende do favor popular)"
tUnE-yArDs - "Water Fountain"

... e, a seguir, construirão um mega-Ronaldo (que dificilmente se distinguirá do original) feito com miolo de pão, migalhas de bolo e de croissant, apanhadas nas esplanadas de todo o país!

21 May 2014

"Ébola 'pode resolver' o problema de imigração da Europa, considera Jean-Marie Le Pen" (mas chocante, chocante mesmo, é isto que arrepia as boas almas sensíveis, puras e pacificamente democráticas)
PESSIMISTAS

  
Alain de Botton poderá não ser o mais fulgurante intelectual contemporâneo dedicado à divulgação de temas filosóficos, literários e artísticos mas tê-lo visto e ouvido, há catorze anos, em Amesterdão – a ocupar a primeira parte de um concerto no qual os Magnetic Fields apresentariam 69 Love Songs –, monologando em modo-"stand up comedy", acerca do seu recém-publicado livro The Consolations Of Philosophy, obrigou a encará-lo, se não de uma forma mais “séria”, pelo menos, francamente simpática. Entretanto (depois dos assaz recomendáveis The Art Of Travel e The Pleasures And Sorrows Of Work – ficaram ainda onze na "to do list"), ler as respostas que deu a uma espécie de questionário de Proust que, em 2009, o “Independent” lhe enviou, não só contribuiu para o estreitar de uma espécie de afinidade virtual como ajudou a vê-lo-lo ainda sob outro ângulo. Por exemplo, à pergunta “qual a pessoa que o faz realmente rir?”, respondia “Arthur Schopenhauer. É profundamente pessimista e o pessimismo é divertido. Disse, uma vez, que ‘todo o homem deveria engolir um sapo pela manhã para ter a certeza de que não irá encontrar nada mais repugnante durante o resto do dia’”



Mas foi a reacção à interrogação imediatamente anterior (“qual o último álbum que comprou?”) que me fez prestar mais atenção: Ophelia, de Natalie Merchant. Estou apaixonado pela voz dela e, portanto, por ela própria”. Merchant não faz, de todo, o género da "pin-up" pop capaz de pôr as hormonas de cavalheiros de meia-idade em ebulição. Porém, se não se encontraram antes, tê-lo-ão feito na passada 5ª feira, no Shoreditch Town Hall de Londres para conversar sobre o último álbum de Natalie. E o pessimismo poderá ter sido um óptimo quebra-gelo já que Merchant confessa abertamente “Sou extremamente pessimista e cínica. Mas, ao mesmo tempo, consigo ser optimista em relação a pessoas e situações específicas”. Natalie Merchant, o disco, não é, realmente, nenhum convite para uma festa de hedonistas militantes: viagem interior agri-doce feita de tensas melancolias orquestrais e recolhimentos folk-acústicos, lugar de perdas e desistências (“Giving up everything, see the cold magnificent emptiness”), é coisa sofrida, magoada, dorida. À pergunta “qual a melhor invenção de sempre?”, de Botton respondera “painkillers”.
O Tó (da famosa dupla de cómicos que tanto nos divertiu com o espectáculo "Tó vs Tó") é um daqueles tipos da esquerda rija que fala grosso aos malandros dos capitalistas e à máfia do ludopédio, não é?
Mão Morta - "Horas de Matar"

(com o patrocínio de "la guillotine")

18 May 2014

"Tive uma pequena vida russa ali por 1991 (com extensões em 1993 e 1998), que por um triz ainda foi soviética. Apanhei mesmo o golpe anti-Gorbachov que levou ao fim da URSS, eu e o namorado de então, um daqueles portugueses que tinham estudado em Moscovo. Em 1991 andou comigo nas barricadas, tal como o anti-golpista em casa de quem dormíamos, e aquele milhão de anti-golpistas que queriam liberdade, achávamos nós. Em suma, vou à beira-Tejo reencontrar o namorado de então, hoje diplomata da União Europeia em Moscovo, e ele dá-me notícias do nosso anfitrião russo de então, hoje um fiel do tsar Putin: a Ucrânia não existe porque tudo é Rússia, as Pussy Riot estiveram dois anos presas porque pecaram contra a Igreja e os gays são doentes que devem ser tratados. Isto é o que o meu namorado de então ouve todos os dias e tornou-se difícil ter amigos nessa barricada, a dos fascistas. Foi no que a Rússia se tornou, diz ele, um estado fascista, de zombies que acreditam na propaganda da televisão contra a decadência do Ocidente. A decadência do Ocidente são os gays e as lésbicas e as Pussy Riot. Eu gostava que os meus amigos de esquerda que continuam a defender o Kremlin me explicassem o que há de esquerda na Rússia homofóbica, autoritária, imperialista de 2014. A vitória de Conchita Wurst (grande nome) foi só mais um sinal da decadência do Ocidente, leio nas reacções russas. Dá vontade de uma pessoa se chamar Conchita Wurst e andar pela Praça Vermelha cofiando a barba, tipo Guerra Junqueiro, mas de salto alto". (aqui)
... e vinha montada num unicórnio

Chuck E. Weiss - "Boston Blackie"

17 May 2014

Olha... há um génio que distingue 

("Expresso)
Nada disso: terá de ser uma poderosa armadilha interministerial que, nunca ignorando os importantíssimos ovos, galinhas e coelhos, cuide de capturar todos os espécimes (mamíferos, emplumados ou rastejantes) que circulam entre governos, câmaras, banca, empresas e outras mui fedorentas tocas - e ninguém duvida que o melhor amigalhaço do Relvas o irá fazer

16 May 2014


Não falando, agora, do miserável resto, é bom e belo fingir que se acredita no pai Natal mas ainda mais lindo é ver a imprensa "de referência" engolir, com anzol, linha e cana, o vocabulário-newspeak dos "colaboradores"
... e, para que não se diga que só se falou de bola, a poetisa Silva fez questão de recordar por que ostenta tão lindo cognome
E, depois da emocionante saga do prepúcio, da fantástica teologia sci-fi, do intrigante caso da virgem barbuda, e de Julian of Norwich & o Cristo transgénero, não poderíamos ignorar Madre Juana de la Cruz, santa espanhola transgénero do século XVI!!!




Soon you'll hear the sound of people shouting
You will see the claymores in their hands
If you knew the reason for their fighting
You would never understand
 

15 May 2014

Mas, senhor presidente, senhor primeiro-ministro, senhores ministros, ilustríssimos e avulsos directores, administradores, superiores hierárquicos e outras eminências, nunca pela cabeça me passaria dizer que sois um bando de malfeitores! Mas, como deveis saber, já existe jurisprudência que me autoriza a qualificar-vos como palhaços e a mandar-vos livremente para o caralho
 
O moralismo "não-moralista", chique e "de esquerda" (ou "há sempre um JCN disfarçado de cordeiro onde menos se espera", ou "uma Camille Paglia por dia nem sabes o bem que te fazia")





... e também na versão "orgão oficial da Vaticano S.A." da imprensa "de referência"
Ninguém me tira da cabeça que a justificação não foi por motivos de ordem científica mas sim pessoal à rasca com o que pudesse vir a conhecer-se das suas... "vidas anteriores"
Se não tiver reparado, avisem, sff; mas o ministro da Educação e Ciência não tem nada, rigorosamente nada, a dizer acerca disto?
Aqui, dispersos por este label, até se encontravam mais uns quantos candidatos à função; mas o que interessa, realmente, saber é:

quem é que paga esta merda?!!!...
E, depois da emocionante saga do prepúcio, da fantástica teologia sci-fi, e do intrigante caso da virgem barbuda, é chegada a hora de travar conhecimento com Julian of Norwich & o Cristo transgénero!

... não esquecendo o corpo do Sinhor em versão light/dietética

14 May 2014

Epá!... esquece lá isso, pensa-se noutra coisa...
Sempre a promover a imagem de Portugal e dos produtos portugueses, o marido da poetisa Silva, como qualquer gajo que é gajo, foi para a China falar de bola e aprendeu a dizer Ronaldo em chinês, gritou "Esseélebê! Esseélebê! Esseélebê!", apelou à exportação de treinadores portugueses e aterrorizou as agências de publicidade anunciando que vai dar uma abada nas audiências da final da Champion's League 

ESPECTROS 


Vinte anos, dez álbuns, quatro romances e, à excepção daquele escasso punhado de gente que fez o necessário para ter acesso à "password" (leia-se: realizou um pequeno esforço de investigação), Willy Vlautin continua a ser um total desconhecido. As palavras Richmond Fontaine também fazem tocar pouquíssimas campainhas e associar um nome ao outro não melhora extraordinariamente a situação. Introduzir ainda na equação o factor The Delines, provavelmente só irá piorar as coisas. Mas não deveria. Porque aquele universo de personagens, histórias e canções que “começam a beber logo pela manhã mas, mesmo assim, conseguem cambalear até ao emprego”, viajantes frequentes na discografia dos Richmond Fontaine, terá, talvez, encontrado os seus intérpretes ideais neste novo heterónimo colectivo de Willy Vlautin – com Jenny Conlee (dos Decemberists), Amy Boone (Damnations), Sean Oldham (repescado dos Richmond) e Tucker Jackson (Minus 5) – e em Colfax, álbum de acolhimento para dez planos fixos de espectros assinados por Vlautin e um outro, a assombrada "Sandman’s Coming" (“It's a great big dirty world, if they say it ain't, they're lyin' sandman's coming soon, you know he's coming soon”), de Randy Newman. 



"The longest, wickedest street in America", foi como, uma vez, a “Playboy” caracterizou a Colfax Avenue, em Denver, no Colorado. A mesma que Sal Paradise/Jack Kerouac mitificou em On The Road e que, mais prosaicamente, há oito anos, o “Denver Post” apresentava enquanto “anfitriã de um papa [Karol Wojtyla, em 1993] e local de trabalho de prostitutas”. Irmã-gémea do Fitzgerald and Casino Hotel, espelunca a 28 dólares por noite, de Reno, no Nevada, cenário de The Fitzgerald (2005) ou de qualquer um dos desolados panos de fundo das páginas de The Motel Life (2006), Northline (2008), Lean on Pete (2010) e The Free (2014). Vlautin reivindica-se de Steinbeck, Carver, Tom Waits e Shane MacGowan mas, desta vez, foi Amy Boone a atear o fogo: “Passei um ano inteiro a escrever canções, pensando na voz dela: metade destroçada, metade lindíssima, uma imensa fadiga interior”. Das cinzas, varridas pela insinuação dos "glissandi" da "steel guitar", de Jackson, e o pontilhismo do Fender Rhodes, de Conlee, ergue-se algo, magnífico, como uns Mazzy Star com muito menos láudano e bastante mais bourbon.
... e ainda... 

Saint Wilgefortis: bearded woman


Saint Wilgefortis prayed to avoid marriage to a pagan king - and her prayers were answered when she grew a beard! This virgin martyr has natural appeal for LGBT people. Her feast day was July 20 until she was removed from the Vatican calendar in 1969. (...) The name Wilgefortis may come from the Latin “virgo fortis” (strong virgin). In Spanish she is Librada - meaning “liberated” from hardship and/or husbands. She also goes by a bewildering variety of other names. Her alternate English name Uncumber means escaper. In addition, she is known as Liberata, Livrade, Kummernis, Komina, Comera, Cumerana, Ulfe, Ontcommen, Dignefortis, Europia, and Reginfledis.


Legend says that Wilgefortis was the teenage Christian daughter of a king in medieval Portugal. She had taken a vow of chastity, but her father ordered her to marry a pagan king. She resisted the unwelcome marriage by praying to be made repulsive to her fiancé. God answered her prayers when she grew a beard. Unfortunately her father got so angry that he had her crucified and Wilgefortis joined the ranks of virgin martyrs. The church has promoted “virgin martyrs” as examples of chastity and faith, but lesbians and other queer people recognize them as kindred spirits. (...) (daqui)

13 May 2014

Conchita Jesus *

Museu da Diocese de Graz-Seckau, Áustria (daqui)

Escutemos os sábios conselhos do marido da poetisa Silva que, da China, nos exorta a promover "a imagem de Portugal e dos produtos portugueses"! Dirijamo-nos à loja chinesa mais próxima e ofereçamos ao seu proprietário um CD pirata do Tony Carreira, um mamarracho da Vasconcelos (já deve haver contrafacções jeitosas na feira do Relógio) e um pastel de nata (ultracongelado do Continente)!


Ele, provavelmente, não tem; eu e muitos mais teríamos
O Senhor dos Robalos




"The world is indeed full of peril and in it there are many dark places" (clicar para descobrir o significado oculto da citação de Tolkien)
Porque ainda ontem aqui falávamos dele como um bom exemplo para a resolução de problemas nacionais, apetecia perguntar-lhe qual a lógica dessa cena de penalizar o tabaco e legalizar a ganza
Tal como, há quatro anos, aqui se profetizara, entrámos na formidável nova era da teologia sci-fi!


12 May 2014

Muita atenção que eles, às vezes, também carregam no picante!!!
Ó Pita Ameixa (não estou a ofender ninguém, é mesmo o nome dele), mas não te parece que, se calhar, assim, o vosso querido aeroporto de brinquedo, até ainda poderia vir a servir para qualquer coisita?
Uma boa alternativa * poderia ser despejar os actuais locatários (que seriam realojados com toda a dignidade em belos T1 de um bairro social à escolha) e vender o palácio de Belém e o palacete de S. Bento

* seria de estudar atentamente o exemplo do Uruguai

11 May 2014

Bondoso Mestre, trata-se, sem dúvida, do Anti-Cristo...
 

... mas é preciso recordar a estes excelentes senhores que os sinais do fim dos tempos 

So you speak six languages. Does that come from moving around a lot?

Sabina Sciubba ("a one-woman walking Google Translate and the nemesis of Esperanto"): I grew up bilingual with German and Italian, my mother is German and I was born in Rome and then as I said... lovers are very useful. You want to learn a language, it's the best school. I lived in most of the countries where the languages I speak are spoken, except Portuguese - I spent a little time in Portugal and I had a Portuguese lover - and Spanish, because I had an Argentinian boyfriend for a long time. (daqui, sugerido aqui)

O que verdadeiramente interessa saber é quem lhe escreve os discursos * destinados a transformar o semi-alfabetizado engenheiro de aviário em "eminência intelectual" (e quem me chafurda o Rimbaud lixa-se!)

* olha aqui outro...
... Mestre, Piedoso e Santo Mestre... orai por nós que é o fim do mundo!!!...

10 May 2014

VINTAGE (CCXII)

The Clash - "Career Opportunities"



The offered me the office, offered me the shop
They said I'd better take anything they'd got
Do you wanna make tea at the BBC?
Do you wanna be, do you really wanna be a cop?

Career opportunities are the ones that never knock
Every job they offer you is to keep you out the dock
Career opportunity, the ones that never knock

I hate the army an' I hate the R.A.F.
I don't wanna go fighting in the tropical heat
I hate the civil service rules
And I won't open letter bombs for you

Bus driver... ambulance man... ticket inspector

They're gonna have to introduce conscription
They're gonna have to take away my prescription
If they wanna get me making toys
If they wanna get me, well, I got no choice

Careers Careers Careers
Ain't never gonna knock