30 November 2010

OUTSIDER ART (IV)







(2010)
COMO SE JÁ NÃO BASTASSE ANDAR
A ESCREVER NAS PAREDES DA RUA...



















"Houveram aqui algumas afirmações..."

(ou há sempre uma Margarida Moreira à nossa espera... perdão, á sempre uma Margarida Moreira há nossa espera)

(2010)
SE DEPOIS DA GENIAL JOGADA MANELINHO/MADELINO
NEM ISTO CALAR OS "MERCADOS" MAIS VALE DESISTIR





















PS quer deputados a beber água da torneira

(2010)
ANO DO TIGRE (XXXII)

As trevas, a serpente e o tigre















The Third Man - real. Carol Reed, 1949

(2010)
FERNANDO PESSOA
(Lisboa, 13 de Junho, 1888 — Lisboa, 30 de Novembro, 1935)
















Pouco me importa.
Pouco me importa o quê? Não sei: pouco me importa.

(Alberto Caeiro, Poemas)

(2010)

29 November 2010

À JUSTA NA PRIMEIRA METADE DA TABELA MAS
SÓ LIGEIRAMENTE ABAIXO DA VATICANO S.A.,
NÃO ME LIXEM!... É QUASE, QUASE HONROSO!











722 telegramas tiveram por origem a embaixada em Lisboa: "A embaixada de Lisboa surge como a 115.ª fonte de produção de documentos, de um total de 250 fontes, ligeiramente abaixo da embaixada do Vaticano".

(2010)
MOMENTOS EM QUE A BLOGOCOISA PÁRA O TEMPO



"Na pousada de Santa Maria do Marvão vi ontem um casal de meia-idade sussurrar perto do lume. Não o faziam como se trocassem segredos, mas como se temessem profanar a solenidade de um templo. A um metro eu provei o meu porto e dois namorados, não sabendo onde pôr as mãos, fingiram jogar xadrez. Uma multidão de anjos movia astros em chamas através do firmamento" (aqui)

(2010)
A HERANÇA E OS HERDEIROS


















Magic Kids - Memphis



















All Delighted People - Sufjan Stevens

No “Guardian”, Paul Lester apresenta a questão de forma absolutamente clara: “Quem prefeririam ver – os três membros sobreviventes dos Beach Boys, de 68 anos, com um elenco de familiares, amigos e o leiteiro de passagem, a cantar canções que escreveram há quase meio século sobre miúdas adolescentes chamadas Wendy e proezas que nem por essa altura seriam capazes de realizar, ou um grupo de putos de vinte e poucos anos que oferece uma versão de baixo orçamento do mesmo?” A pergunta não é retórica porque as duas opções, de facto, existem: para o próximo ano – momento em que se comemora o 50º aniversário dos Beach Boys – Mike Love anunciou já a reunião dos elementos ainda vivos do grupo; e, como, logo um parágrafo abaixo, Lester afirma, os Magic Kids são os Beach Boys de Memphis entregues à missão de recompor até ao mais ínfimo pormenor a música dos dias de glória da banda de Brian Wilson “antes de o aventureirismo e os desconcertantes jogos de palavras de Van Dyke Parks lhe terem virado a cabeça do avesso”.



Sejamos justos: nos oceanos surfados por Wilson, irmãos & associados, já inúmeros outros – mais ou menos recentemente, mais ou menos explicitamente – igualmente navegaram, dos Concretes, Camera Obscura, Beach House, She & Him, Grizzly Bear, Animal Collective ou Fleet Foxes aos vetustos Big Star e Association ou aos oficiosamente reconhecidos Wondermints, cujo perito em assuntos-BB, Darian Sahanaja, actuou, em 2004, como braço direito (e, eventualmente também, esquerdo...) de Brian Wilson na reconstituição do lendário Smile. Por outro lado, nem é indispensável ouvir Memphis com demasiada atenção para se reparar como a ementa dos moços é algo mais variada do que uma exclusiva monodieta californiana: eles também escutaram os Seekers (olha o ostinato de piano de "Georgy Girl" em "Hey Boy"!), os Herman’s Hermits ("I’m Into Something Good" a espreitar à transparência de "Phone"), os ELO, os Turtles, as Ronettes e os Lovin’ Spoonful, têm um fraquinho por Jack Nitzsche e não dizem que não a uns saldos catitas de Phil Spector. Sim, nada de novo debaixo dos céus, mas um fresquíssimo aperitivo confeccionado com matérias-primas de boa qualidade.



Sejamos ainda mais justos: herdeiro verdadeiramente legítimo de Brian Wilson, actualmente, existe apenas um e chama-se Sufjan Stevens. E "herdeiro" no mais desejável sentido de quem, sem lhe macaquear os tiques, continua e enriquece uma peculiar visão musical da América, trabalha sobre os mesmos planos de complexidade vocal e orquestral e, higienicamente, presta bastante pouca atenção às tendências do momento. Colocado para "download" no seu site da Net, All Delighted People é um EP (de 60 minutos!) que Sufjan descreve enquanto “homenagem dramática ao Apocalipse, ao 'ennui' existencial e a 'Sounds Of Silence’ de Paul Simon” e destinado a ocupar os fãs até ao próximo álbum – The Age Of Adz, gravado no estúdio dos National. Mas que – mesmo admitindo que se trata de objecto lateral e circunstancial – não deixa de ser um tanto problemático nas suas épicas e extensas incursões por opulentas orquestrações, massas corais e intermináveis deambulações de guitarra eléctrica. Aceite-se que não é de digestão fácil, dê-se-lhe o tempo necessário de maturação, mas, pelo sim, pelo não, acenda-se um sinal de alarme.

(2010)

28 November 2010

ET VOILÁ!












Cables Obtained by WikiLeaks Shine Light Into Secret Diplomatic Channels

+ "El Pais", "Le Monde", "Guardian", "The Huffington Post" e "Público".

(2010)
O ATEÍSMO EXPLICADO AO P.O.V.O. COM MÉTODO E APLICAÇÃO






God Is Imaginary

(2010)
JULIAN ASSANGE: WHY THE WORLS NEEDS WIKILEAKS



(2010)
WHAT A WONDERFUL WORLD (III)
(sequência daqui)














"Os jornais "The New York Times", o britânico "The Guardian", o francês "Le Monde", o espanhol "El País" e o semanário alemão "Der Spiegel", já parceiros do Wikileaks nas suas revelações sobre a guerra do Iraque, deverão começar a publicar as primeiras análises dos novos documentos a partir das 21h30 de domingo" (aqui)

Seguir aqui e aqui.

27 November 2010

ANO DO TIGRE (XXXI)

Bruce Lee, toma e vai buscar!



(2010)
WHAT A WONDERFUL WORLD (II)



"No dia 1 de Dezembro de 2009, os líderes europeus que se juntaram na capital portuguesa para assinalar a entrada em vigor do novo documento [Tratado de Lisboa], com a devida pompa e circunstância, não pouparam nos panegíricos. Junto à torre de Belém, a palavra 'histórico' foi usada até à exaustão para qualificar o momento e o documento. José Sócrates decretou 'um novo começo', Cavaco Silva antecipou que a União ficava dotada de 'renovadas condições para enfrentar os desafios do nosso tempo', Durão Barroso, viu no Tratado o símbolo de uma nova Europa 'que pode olhar agora com confiança para o futuro'. (...)

Volvidos 12 meses, a Comissão Europeia, sempre empenhada em valorizar e celebrar os pequenos e grandes êxitos da construção europeia, não tem nada previsto para celebrar a efeméride. Ou não fosse a hora um momento de preocupação com a 'existência' do próprio projecto europeu, como alertou recentemente Herman Van Rompuy, o presidente do Conselho Europeu, um dos 'produtos' de Lisboa". ("Expresso" de hoje)

(2010)
WHAT A WONDERFUL WORLD (I)



U.S. warns Britain over new WikiLeaks revelations that will 'expose corruption between allies': "3 million documents set to go online; Bombshell leak thought to include U.S. assessments of Gordon Brown; Secret talks on return of Lockerbie bomber to Libya may also be leaked; Allegations 'include U.S. backing of Kurdish terrorists'; U.S. diplomats face being kicked out of countries in backlash; Corrupt politicians expected to be named and shamed".

(2010)
ISTO NÃO PODERIA APLICAR-SE CÁ A CERTIFICADOS DE
LICENCIATURA
DE OUTROS ARTISTAS DO MESMO RAMO?






















Recurso sobre testes que provaram que deputado sabe ler e escrever: Tiririca corre o risco de prisão por falsidade ideológica

(2010)

26 November 2010

COMENTÁRIO DO ANO A POST DE UM BLOG















"E eu que sempre sonhei para Portugal um indivíduo de boas famílias, urbano, que falasse fluentemente pelo menos três línguas estrangeiras, com um ou dois diplomas de uma boa universidade portuguesa ou estrangeira, que tivesse feito a sua Grand Tour pela Europa na juventude, amante da literatura e da música erudita desde criança, com independência financeira e carreira académica ou empresarial, dandy na indumentária, nos gostos e na postura, e com muitas amantes belas ao longo da vida. Depois do gasolineiro, do bonzinho e do pseudo, ainda teremos de levar com isto?" (no a causa foi modificada, a propósito de um post igualzinho a este)

(2010)
MAZÓCAMARADA, VENHA A MEUS BRAÇOS E
NÃO SE FALA MAIS NA TONTA DA SUA IRMÃ!



¿De verdad deseas la unión iberica, cariño?...

Maria de Medeiros defende união ibérica

(sim, não é a melhor altura e tal...)

(2010)
BOB DYLAN'S YALE COLLEGE AND HIS HARVARD (I)

The Gaslight Cafe, 116 MacDougal Street, Greenwich Village, Manhattan, NY



(2010)
PEDRO PASSOS COELHO: O PERFIL DE UM LÍDER (VIII)



Peditório nacional, já!
(a contemplar também o pobre indigente Ricardo Gonçalves)

"Para Pedro Passos Coelho a crise está instalada e há que poupar, principalmente na hora de comprar presentes de Natal. O líder do Partido Social Democrata confessa que este ano se viu obrigado a fazer 'uma poupança forçada' e reduziu a sua lista de presentes à filha mais nova, Júlia, de três anos, e aos sobrinhos". (aqui)

(2010)

25 November 2010

DAQUI A MEIA DÚZIA DE MESES, OS "MERCADOS" VÃO
PÔR-SE EM SENTIDO E RECONHECER AS EVIDÊNCIAS:
250 000 DIPLOMAS EM TEMPO RECORD NÃO É PROEZA
AO ALCANCE DE QUALQUER UM!




250 mil desempregados vão começar a ser chamados para o Novas Oportunidades

... ora cá está como o Manelinho, o Madelino e o amestrado de Boston vão melhorar a imagem do país.

(2010)
GENTE FINA É OUTRA COISA

Dois protótipos de Nuno Gama para o bloco operatório

"Os mais de 4800 funcionários do Hospital de São João, no Porto, vão passar a vestir Nuno Gama. (...) A administração do maior hospital do Norte do país confirmou ontem o 'segredo', depois de este ter sido revelado, num tom extremamente crítico, pelo Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que fala numa despesa que pode ultrapassar o milhão de euros". (artigo completo aqui)

(2010)
PORTUGAL, BERÇO INESGOTÁVEL DE PATEGOS





















"Portugal, berço inesgotável de pategos, rejubila quando encontra um professor Silva em Oxford ou uma investigadora Zezinha no Massachusetts. Isso não impede que a pátria uive e se contorça ao descobrir que os nossos jovens mais qualificados fazem carreira lá fora. Está mal, pois está. Se fossem reverentes, como lhes competia, ficavam em Alverca a comer torresmo e a suspirar pelo Sócrates, a CGTP, a banca do regime ou a carcaça veneranda do Salazar". (aqui)

(2010)
PONTO DA SITUAÇÃO



(2010)

24 November 2010

ESTA É UMA GREVE GERAL INÚTIL E ABSURDA, NA VELHÍSSIMA
E VERGONHOSA TRADIÇÃO DAS "ACÇÕES SIMBÓLICAS DE
PROTESTO" DO PCP; MAS A INTERVENÇÃO POLICIAL SOBRE O
PIQUETE DE GREVE DOS CTT AJUDA A COMPREENDER PARA
QUE SERVIRÃO REALMENTE OS CARROS ANTIMOTIM QUANDO
OUTRAS COISAS, TALVEZ IGUALMENTE INÚTEIS EMBORA
MENOS INCONSEQUENTES, INEVITAVELMENTE OCORREREM




(2010)
ANO DO TIGRE (XXX)























"Way down deep, we're all motivated by the same urges. Cats have the courage to live by them" (Jim Davis)

(2010)
VINTAGE (XVI)

Garbage - "Only Happy When It Rains"



I'm only happy when it rains
I'm only happy when it's complicated
And though I know you can't appreciate it
I'm only happy when it rains
You know I love it when the news is bad
Why it feels so good to feel so sad
I'm only happy when it rains

Pour your misery down
Pour your misery down on me
Pour your misery down
Pour your misery down on me

I'm only happy when it rains
I feel good when things are going wrong
I only listen to the sad, sad songs
I'm only happy when it rains

I only smile in the dark
My only comfort is the night gone black
I didn't accidentally tell you that
I'm only happy when it rains
You'll get the message by the time I'm through
When I complain about me and you
I'm only happy when it rains

Pour your misery down
Pour your misery down on me
Pour your misery down
Pour your misery down on me
Pour your misery down
Pour your misery down on me
Pour your misery down
You can keep me company
As long as you don't care

I'm only happy when it rains
You wanna hear about my new obsession?
I'm riding high upon a deep depression
I'm only happy when it rains

Pour some misery down on me
I'm only happy when it rains...


(2010)

23 November 2010

IDENTIDADES TROCADAS
 

München - Chaquiego
 
 

Peixe:Avião - Madrugada

Só pode ser um caso de personalidades trocadas. Porque, havendo que optar por um nome que se colasse como luva à mão para descrever a música dos autores de Chaquiego e Madrugada, muito mais facilmente se diria que o primeiro seria assinado por uma banda de nome Peixe:Avião e o outro por uns tais München. Confirma-se em absoluto: vivem-se tempos interessantes na música portuguesa e o facto de não ser exactamente intuitivo adivinhar a quem atribuir os documentos de identificação correctos é apenas mais um sintoma de que as coordenadas estéticas se encontram saudavelmente baralhadas e desalinhadas.

Prestemos, então, atenção a Chaquiego. Há quatro anos, Fala Mongue aterrava discretissimamente, qual tuna de selenitas em demanda daquela espécie de “surruralidade” de que terão ouvido Tom Waits falar, numa emissão de rádio captada, por acidente, a 384.405 quilómetros de distância. Eles mesmos preferem aludir a “mecanismos de precisão enferrujados, cordas em desuso e percussões em multiusos”, num processo deliberado de “confundir próprios e alheios”.



João Nicolau (que também realiza filmes com barcos de piratas tecnológicos, caleidoscópios felinos e personagens que praguejam "Holy Santa Maria fuck!" enquanto actuam de acordo com o lema, "sonho, amor, arte, ciência, literatura, música, tecnologia, café e rum" – falo do recente A Espada e A Rosa exibido no festival de Veneza), Mariana Ricardo (que, com Nicolau, recentemente sonorizou “The Secret Museum of Mankind”, uma singularidade fotográfica de 1935) e restante trupe de variabilíssima geometria reincidem, pois, agora, soltando o dirigível baptizado Chaquiego, programa de legos sonoros em défice de peças, de valses-musettes interpretadas por mendigos ébrios da Transnístria, de canções de roda para infantes com cometas encravados na garganta, de cerimónias tribais dos pigmeus do jardim das Hespérides. Aquele género de música que, sem se esforçar demasiado, Alexandre O’Neil poderia ter definido como “em forma de assim”. Ou, empenhando-se um pouco mais, “em forma de peixe:avião”.



Madrugada, cujos autores, frequente e equivocadamente (desde 40:02, de 2008), se têm visto visto associados à descendência-Radiohead, é objecto francamente urbano. E muito mais daquela urbanidade musical – mesmo que eles não se apercebam disso – com que o mundo travou conhecimento há vinte e tal anos, fruto de sismo estético com epicentro no eixo-Manchester-Liverpool. Quase invisível e subliminarmente, contaminada igualmente pelas réplicas locais tal como a Sétima Legião, na altura, as registou, ocorrência só neste momento, porém, de consequências verificáveis, mais a Norte, em Braga. O que, com tal perfil (para mais, enriquecido e amplificado pelas participações de Manuela Azevedo, dos Clã, e de Bernardo Sassetti) seria coisa para se imaginar criada por uma agremiação a quem um nome geograficamente definido vestiria bem. Como Warsaw. Ou Portishead. Ou Beirut. Ou München.
HERBERTO HÉLDER NASCEU, NO FUNCHAL,
A 23 DE NOVEMBRO DE 1930



"Minha cabeça estremece" - Herberto Helder (com Os Poetas, em Entre Nós e as Palavras, 1997)

(2010)

22 November 2010

FOI MESMO ASSIM TÃO BOM PARA TI?...


(video capturado aqui)

... ou é só uma remake disto?...



(2010)
DIREITINHO PARA A LISTA DE FAVORITOS

















(clicar nas imagens para ampliar)

Amor Resgatado

(2010)

21 November 2010

A REVOLUÇÃO SOCIAL AINDA NÃO COMEÇOU MAS
A REVOLUÇÃO NA LINGUAGEM ESTÁ EM CURSO

(e não é do acordo ortográfico que se trata)








O Homem Novo em marcha!

No seio das massas populares o fermento revolucionário ferve. Como afirmou o grande Lenine, estamos num daqueles momentos de viragem história em que "os de baixo já não querem e os de cima já não podem". Nos "de baixo", a insurreição linguística começou na caserna e alastra agora a esse imenso proletariado do verbo sociologicamente designado por "gebos da bola". E, porque "os de cima" já não podem conter o avassalador caudal de um p.o.v.o. em marcha rumo à liberdade de celebrar, sem constrangimentos, a sua ruptura radical com a gramática, a ortografia, a sintaxe e a semântica burguesas, são os próprios tribunais que, em consequência da pressão dos "de baixo", se vêem forçados a consagrar a nova ordem.

Depois da Relação de Lisboa, capital, a Relação de Guimarães, berço da pátria (o simbolismo não poderia ser mais poderoso): numa disputa acerca da legitimidade da "linguagem do futebol", a propósito da honra ofendida de um militante-gebo por outro, lavrou em acordão que "os tribunais não devam intervir de forma a coartar a vivacidade e acutilância nas 'guerras' do desporto, mesmo quando deva considerar-se que o tipo de linguagem utilizada desmerece da elevação que deveria caracterizar esse debate, em que o aproveitamento de deficiências ou erros do adversário representam ganhos para as aspirações e objectivos de quem os denuncia, com o duplo objectivo de minimizar a influência e o valor do adversário e ganhar para si imagem e vantagem a nível desportivo" e que "tudo se conjuga, pois, para que no domínio da 'luta' desportiva haja uma redução da dignidade penal e da carência da tutela penal da honra".

NINGUÉM HADEM CALAR A VÓS DA CLAÇE OPRÁRIA!

(2010)

20 November 2010

GRANDES MOMENTOS DA HISTÓRIA PÁTRIA (VI)
















Carro de Obama lavado no Palácio de Belém

(2010)
ANO DO TIGRE (XXIX)





















(2010)
A FILOSOFIA VAI REGRESSAR MAS, MUITO
PROVAVELMENTE, EM VERSÃO LIGHT PARA
NÃO FAZER DORES DE CABEÇA AOS PETIZES




















"O ensino antes era muito centrado na história da Filosofia. Hoje esta já não tem tanto peso e o ensino é mais focado em problemas que os jovens sentem e que os perturbam e a Filosofia dá-lhes respostas diferentes para estes problemas" (aqui)

... ainda bem que o Bureau International des Poids et Mesures (BIPM), de Sèvres, reavaliou "o peso" da História da Filosofia. Assim, os putos vão, finalmente, poder discutir as últimas peripécias dos vampiros da Stephenie Meyer sem ter de se aborrecer com o chato do Schopenhauer ou avaliar o último golo do Ronaldo aliviados da obrigação de chamar o Nietzsche à conversa. E sempre se criam mais umas vagas de professores para ex-redactores desempregados das revistas "del corazon".

(2010)

19 November 2010

OUTSIDER ART (III)







(2010)
VINTAGE (XV)

The Sex Pistols - "Anarchy In The UK"



I am an Antichrist
I am an anarchist
Don't know what I want but I know how to get it
I wanna destroy passerby

'Cause I wanna be anarchy
No dog's body

Anarchy for the UK
It's coming sometime and maybe
I give a wrong time stop a traffic line
Your future dream is a shopping scheme

'Cause I wanna be anarchy!
In the city

How many ways to get what you want
I use the best, I use the rest
I use the enemy, I use anarchy

'Cause I wanna be anarchy!
It's the only way to be!

Is this the MPLA?
Or is this the UDA?
Or is this the IRA?
I thought it was the UK
Or just another country
Another council tenancy

I wanna be anarchy
And I wanna be anarchy, know what I mean
And I wanna be an anarchist
Get pissed, destroy!


(2010)

18 November 2010

ISTO NÃO É VAGAMENTE... ILEGAL?... ANTICONSTITUCIONAL?


A aterradora harpia de perfil inquietantemente estadonovista responsável por impedir a entrada de um grupo de cidadãos finlandeses perigosamente armados de "tarjas e de t-shirts", não estará - mesmo não ignorando a "reposição temporária das fronteiras" - a rasgar meia dúzia de artigos sobre a liberdade de circulação na União Europeia?

(2010)
É UM LIVRO DO CARALHO (PODE DIZER-SE, NÃO É OFENSA), SIM SENHOR, MAS, POR QUE RAIO, SEMPRE QUE FALAM NELE, TÊM DE AFIVELAR UM AR MUITO SÉRIO E BOLÇAR "PROFUNDIDADES"?


Jaime Gama recebe Bíblia com textos de seis deputados: Pacheco Pereira (PSD): "Faz parte do chão em que nos movemos"; José Manuel Pureza (BE e lindo nome, na circunstância): "É a nossa história de pessoas, com os nossos começos e as nossas finitudes"; Luiz Fagundes Duarte (PS): "A Bíblia é o livro do Tempo e da Palavra que não tem fim"; Teresa Caeiro (CDS): "A mais fascinante e mais intemporal obra de todos os tempos"; Bernardino Soares (PCP): "Contém em si muito do sentir e dos anseios da Humanidade (...) e já serviu como arma de libertação para muitos"; Heloísa Apolónia (PCP aka Verdes): "Relaciona a destruição do equilíbrio fundamental entre homem e natureza com a mensagem de esperança contida na cosmogonia bíblica da criação".

... é que, assim, armados em carlospintocoelhos parlamentares, ninguém lhe apetece ir ler!... Já não bastavam as figurinhas de porteira ateia ofendida do Saramago, ainda vêm estes gabirus desencorajar o p.o.v.o. de ferrar o dente num portento de sexo e fornicação tórridos, belíssimas cenas de acção e sanguinária violência "gore", ficção científica de meter todos os Encontros Imediatos num chinelo, hippies janados a tripar no deserto, magia e artes ocultas capazes de envergonhar o Aleister Crowley, e, na segunda parte, a mais famosa história de zombies - JC The Living Dead - de sempre!
(2010)
PODEMOS, ENTÃO, COM TODA A LIBERDADE, PASSAR A VERBALIZAR OS NOSSOS ESTADOS DE ALMA SEM A MENOR OBRIGAÇÃO DE PEDIRMOS PERDÃO PELO NOSSO FRANCÊS



Como explicam os juízes desembargadores do Tribunal da Relação de Lisboa, há contextos em que "a utilização da expressão 'para o caralho!' não é ofensiva, mas sim um modo de verbalizar estados de alma" e "um sinal de mera virilidade verbal". Um pouco de história: "Para uns a palavra 'caralho' vem do latim 'caraculu' que significava pequena estaca, enquanto que, para outros, este termo surge utilizado pelos portugueses nos tempos das grandes navegações para, nas artes de marinhagem, designar o topo do mastro principal das naus, ou seja, um pau grande. Certo é que, independentemente da etimologia da palavra, o povo começou a associar a palavra ao órgão sexual masculino, o pénis. (...) Porém, é público e notório, pois tal resulta da experiência comum, que 'caralho' é palavra usada por alguns (muitos) para expressar, definir, explicar ou enfatizar toda uma gama de sentimentos humanos e diversos estados de ânimo. Por exemplo 'prò caralho' é usado para representar algo excessivo. Seja grande ou pequeno de mais. Serve para referenciar realidades numéricas indefinidas ('chove pra caralho'; 'o Cristiano Ronaldo joga pra caralho'; 'moras longe pra caralho'; 'o ácaro é um animal pequeno pra caralho'; 'esse filme é velho pra caralho'). (...) Para alguns, tal como no Norte de Portugal com a expressão popular de espanto, impaciência ou irritação 'carago', não há nada a que não se possa juntar um 'caralho', funcionando este como verdadeira muleta oratória".



Assim - tal como o cabo da GNR que foi mandado em paz -, assentes neste naco de jurisprudência do caralho, desfrutemos de todos os novos horizontes de liberdade linguística que, desta luminosa forma, se nos abriram e não percamos uma oportunidade de, nas bancadas do Parlamento, às portas de Belém ou frente à residência do primeiro-ministro, exercermos a virilidade verbal, entoando uns sonoros "PRÓ CARALHO!" E ai de quem se atreva a dizer-nos alguma coisa que leva com o acórdão da Relação e os cinco volumes (pesados pra caralho) do Dicionário Etimológico do Machado nos cornos (oops!... se calhar, "cornos" não se pode dizer)...

(2010)
O PERIGO DE SER MODERNO



Bryan Ferry - Olympia

Ninguém como Bryan Ferry (nos Roxy Music ou a solo) levou tão a sério o célebre aforismo de Oscar Wilde “só mesmo as pessoas superficiais não julgam pelas aparências”. O que, das capas de álbuns com deslumbrantes ensaios fotográficos "kitsh" de supermodelos ao sarilho em que, há três anos, se embrulhou devido a, muito candidamente, ter declarado quanto o fascinava a estética nacional-socialista de Albert Speer e Leni Riefenstahl – posteriormente, justificou-se alegando que é um absurdo confundir ideologia com estética –, nunca deixou de levar à letra e praticar. Oriundo do que, supostamente, deveriam ter sido as sessões de estúdio de um álbum de reunião dos Roxy, Olympia não se afasta desse rumo: se a imagem de Kate Moss, no rosto do CD, constitui uma homenagem à Olympia, de Manet (e não será também, sabe-se lá, genuflexão perante o Olympia, de Riefenstahl?), lá dentro o chuveirinho de citações prossegue, de "Tender Is The Night" (cortesia de Scott Fitzgerald) a "Alphaville" (de umas bobines de Jean-Luc Godard). A questão é que, onde tudo é – ainda que só aparentemente – apenas superfície, essa superfície tem a obrigação inegociável de ser absolutamente imaculada. E a de Olympia é tudo menos isso: a pose de requintado "lounge lizard", escorrega excessivamente no "faux"-funk de casino, o elenco de "guest-stars" (de Jonny Greenwood a David Gilmour, Flea, Nile Rodgers, Scissor Sisters e todos os ex-Roxy) empastela originais e versões (o massacre de "Song To The Siren" é atroz) e, tudo somado, fica somente uma vaga memória difusa do que foi o inventor da tribo “New Romantic”. Conviria recordar-lhe que Oscar Wilde também gostava de dizer que “o perigo de ser moderno é que podemos tornar-nos antiquados em qualquer momento”.

(2010)

17 November 2010

CADA DIA ENGROSSA O NÚMERO DOS
CANDIDATOS ÀS "NOVAS OPORTUNIDADES" *




Jovem dirigente do PS ganha o salário de assessor a tempo inteiro ao mesmo tempo que recebe subsídios do IEFP para criar o seu posto de trabalho. Empresa criada está inactiva: "Um jovem de 26 anos, sem currículo profissional nem formação de nível superior, foi contratado, em Dezembro, como assessor técnico e político do gabinete da vereadora Graça Fonseca na Câmara de Lisboa (CML). Remuneração mensal: 3950 euros ilíquidos a recibo verde. Desde então, o assessor - que estava desempregado, fora funcionário do PS e candidato derrotado à Junta de Freguesia de Belém - acumulou esse vencimento com cerca de 41.100 euros de subsídios relacionados com a criação do seu próprio posto de trabalho". (continuação da edificante história aqui)

* Candidatos em fila de espera: AF, LP...

(2010)
RECORDAR É VIVER (XXI)





















"Ao meu portuguesinho valente, em lembrança do muito que gozámos" (Eça de Queiroz, A Relíquia)

(foto daqui)

(2010)
ISTO HÁ POR AÍ GENTE QUE QUER MESMO DAR
CABO DO ORÇAMENTO DE ESTADO PARA 2011























Saúde quer sanções mais duras na lei do tabaco em 2011

Imposto do tabaco rendeu mil milhões de euros

(2010)
BACK ON BOOGIE STREET



















Leonard Cohen - Songs From The Road (CD + DVD)

É bem possível que, se dependesse exclusivamente da sua vontade, Leonard Cohen, aos 74 anos, não tivesse iniciado um "never ending-tour" que, desde 2008, o mantém, quase sem interrupção (à excepção do interregno entre Março e Setembro deste ano provocado por problemas de coluna), na estrada. Durante quinze anos, não tinha pisado um palco e, mesmo que genuinamente desejoso de uma digressão final de despedida – não poderia estar mais consciente de que nem ele é eterno –, certamente não a transformaria no que é uma esgotante maratona para alguém com metade da sua idade. O verdadeiro motivo não é segredo: em Outubro de 2005, Cohen teve conhecimento de que, alegadamente (o famigerado “alegadamente”…), a sua manager, Kelley Lynch, tomara excessivas liberdades com a sua conta bancária, deixando-o com um saldo de apenas 150 000 dólares acima de zero e um rol de dívidas – fiscais e outras – que até esse montante, rapidamente, devorariam.



Literalmente, na bancarrota (e enquanto as peripécias nos tribunais se ensarilhavam), não lhe restou senão a opção de, com carácter de urgência, pôr em prática o programa de "Boogie Street": “A sip of wine, a cigarette, and then it’s time to go, I tidied up the kitchenette, I tuned the old banjo, I’m wanted at the traffic-jam, they’re saving me a seat,.I’m what I am, and what I am, is back on Boogie Street”. Documentando uma parcela do périplo (que aportou três vezes a Lisboa), havia sido já publicado Live In London, documento do concerto de 17 de Julho de 2008, na O2 Arena. Songs From The Road, apenas com duas ou três repetições em relação ao anterior, reúne, agora, uma dúzia de interpretações em Israel, na Alemanha, Escócia, EUA, Suécia, Canadá, Finlândia e Inglaterra. Não deveria ser necessário dizê-lo mas este é daqueles discos de que é violentamente proibido fazer "download" ilegal.

(2010)
COSMIC PORN - "IT SUCKS UP EVERYTHING IN SIGHT"



(2010)

16 November 2010

OUTSIDER ART (II)

Mingering Mike


"Between 1968 and 1977 Mingering Mike recorded over fifty albums, managed thirty-five of his own record labels, and produced, directed and starred in nine of his own motion pictures. In 1972 alone he released fifteen LPs and over twenty singles, and his traveling revue played for sold out crowds the world over.
 
How is it that such a prolific musician has gone under the radar for the more than thirty years? The answer is that all took place in Mike's imagination, and in the vast collection of fake cardboard records and acapella home recordings that he made for himself as a teenager in Washington, D.C. in the late 1960s". (aqui)
HOJE HÁ CONQUILHAS, AMANHÃ NÃO SABEMOS


















Teixeira dos Santos admite recorrer a ajuda financeira (Teixeira dos Santos, ontem)

Portugal não precisa de ajuda e é diferente da Irlanda (Teixeira dos Santos, hoje)

Banda sonora recomendada (de outro álbum dos mesmos autores - No Jardim da Celeste, de 1980, o que serve para comprovar que "plus ça change, plus c'est la même chose"):



Viemos do fundapique
passámos no tudasaque
não há mal que mal nos fique
nem há cu que não dê traque
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo

Andámos no malsalgado
brigámos no daceleste
e o escorbuto mal curado
com tratamento indigesto
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo

[refrão]

Natação obrigatória
na introdução à instrução primária
natação obrigatória
para a salvação é condição necessária
não há cu que não dê traque
não há cu que não dê traque

Pusemos a cachimónia
em papas de sarrabulho
e quando as noites são de insónia
damos voltas ao entulho
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo

Aprendizes da política
só na tática do "empocha"
vem a tempestade mítica
e a cabeça dá na rocha
mal a gente vem ao mundo
logo a gente vai ao fundo

[refrão]


(2010)